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Artigos • 10 abr, 2020

Bispo auxiliar de Porto Alegre: “Onde está Deus nessa pandemia?”


Diante da pandemia da covid-19 alguém pode se questionar: “Onde está Deus?”. Teólogos após a Segunda Guerra Mundial se perguntavam: “Como falar de Deus para quem contemplou Hiroshima, Nagasaki, Auschwitz e Birkenau?”
A  complexa situação que a humanidade está vivendo implica na revisão das nossas relações econômicas, culturais, políticas e culturais. Também as religiões enfrentarão essa tarefa. Para a tradição judaico-cristã, trata-se de redescobrir o sentido do silêncio do Eterno diante do sofrimento, superando discursos que interpretam a pandemia como castigo. Isso não é bíblico, mas desejo humano projetado sobre o divino. Um Deus violento só pode ser pensado por quem não conhece o amor e a misericórdia. É necessário também rever a postura que insiste na “exigência” de curas milagres, quase tornando Deus um prestador de serviços à humanidade. Rezar para livrar a humanidade dos males e perigos é indispensável, mas pedir a proteção somente para determinados eleitos, é falta de sentimento de pertença à humanidade.

Deus criou este mundo e lhe concedeu total autonomia. A presença do mal no mundo e nas decisões humanas é um mistério. Isso exigiria aqui uma reflexão maior sobre a Teodiceia. Creio, porém, que a urgência deste flagelo precisa de uma palavra mais breve.

Por Dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre e coordenador do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Teologia da PUCRS



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