Campo Grande, 18/04/2024 23:15

Blog do Manoel Afonso

Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

Artigos

Artigos • 24 dez, 2019

A celebração do Natal há muito transcendeu seu significado religioso


É hora de parar um pouco, lembrar da vida, de festas passadas e mexer no baú de saudades e memórias e, por que não, liberar alguma lágrima

Algumas décadas de Natal sempre me trazem à memória minha avó com meu avô, seus filhos, genros e noras e seus 10 netos, entre os quais eu me incluía. Durante seus mais de 90 anos de vida, conseguia nessa ocasião juntar sua turma toda em uma oportunidade única e assim foi gerando memórias e saudades que cada um guardou para si. Quando ela encerrou seu ciclo de vida, aquele elo entre todos se dissipou e cada núcleo familiar seguiu seu próprio rumo.

A celebração do Natal há muito transcendeu seu significado religioso e se transformou em uma oportunidade ímpar em que famílias, amigos e colegas se lembram de parar e confraternizar, segurando por um momento a veloz passagem do tempo. É hora de parar um pouco, lembrar da vida, de festas passadas e mexer no baú de saudades e memórias e, por que não, liberar alguma lágrima. Não se preocupe, caro leitor, cara leitora: será uma lágrima boa. Enxugue e guarde.

Os ciclos da vida são feitos de partidas e chegadas. Na época em que jogava na posição de neto, me parecia que todos eram imortais e que aquela estrutura familiar seria perene. Com o passar dos anos e dos Natais, a maturidade nos ensina que a vida tem seus ciclos e eles representam a passagem do tempo, na realidade o único patrimônio que realmente temos, com sua finitude e pressa de passar. Por isso, valorize seu tempo!

Nesses ciclos, colecionamos saudades e construímos memórias. A qualidade desse conjunto é que dirá se soubemos valorizar nosso tempo ou apenas desperdiçá-lo. Com o passar dos Natais, vemos gente que vai e não volta e gente que chega, fica e renova a vida. Nesses momentos é legal recordar quando achávamos que todos seriam imortais e perenes. Lembranças e ilusões da infância são eternas e podem formar tesouros, pois são parte e estrutura de nossa construção. Precisamos entender e valorizar isso, pois quando mudarmos de posição para pais ou avós, necessitaremos proporcionar àqueles que chegam as bases para que sejam pessoas consistentes e felizes.

Decorrente dos ciclos da vida e do implacável tempo, me encontro hoje entre minha avó, que já se foi há algum tempo, e minha neta Alícia. Ela e o tempo me promoveram de neto a avô, e as construções de memórias novas seguem se acumulando. Interagir e imaginar os sonhos dela não tem preço e, se puder contribuir, melhor ainda. Um Natal que chega deve estimular-nos a continuar construindo novas memórias para guardá-las até o final de nossos tempos e talvez juntar com nossas saudades doces.

Por Ricardo Hingel, economista, consultor e conselheiro de empresas – Zero Hora – Porto Alegre




Deixe seu comentário