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Artigos • 11 jan, 2021

COMO PÔR UM ELEFANTE DENTRO DE UMA CARTOLA


(Percival Puggina_ –

Você consegue explicar para si mesmo como, em todo o Ocidente, se repetem os mesmos discursos, com as mesmas palavras, só trocando o idioma? Como as mesmas pautas ganham súbita prioridade aonde se vá? Por que as pressões e o constrangimento social são exercidos de modo tão idêntico?

Pois aí está o imenso perigo que cerca a sociedade e a democracia no Ocidente. É perfeitamente possível esconder de quase todo mundo a existência de um movimento dessa natureza, manter no anonimato e na imprecisão seus líderes e objetivos, escamotear seus êxitos e permitir que seus fins sejam alcançados sem que sua existência seja percebida.

Esse é o perigo. Se um mágico esconde um elefante dentro de sua cartola, isso só pode acontecer se a cartola for maior do que o próprio elefante. Inviável uma cartola desse tamanho? Então é porque a cartola e o elefante são uma coisa só.

Mais uma vez, então: como pode? Só há um modo: contando com poderosa rede de companheiros, com empresários que vendem seu silêncio, com o uso competente dos símbolos no imaginário coletivo e usando-os como arma de constrangimento. Hoje, para o sujeito ser qualificado como fascista e radical de direita basta dizer que ideologia de gênero é uma besteira sem fundamento, ou ser contra a Marcha das Vadias, ou contra invasão de propriedades.

Para compreender o nível dessa manipulação, basta observar alguns exemplos com que já convivemos. O Foro de São Paulo permaneceu oculto da sociedade brasileira durante mais de 10 anos, apesar de fundado pelos ruidosos Lula e Fidel Castro. Quaisquer menções a ele eram tratadas como teoria da conspiração.

Em 2007, decorridos 17 anos desde sua fundação, o FSP  realizou em San Salvador seu 13º Encontro. Um longo painel estendido no plenário exibia fotos de Fidel, Lula, Evo, Chávez, Tabaré, Ortega, Correa e Préval. Acima das imagens, os dizeres: “Presidentes de países y fundadores del Foro de São Paulo”. A foto da socialista Michelle Bachelet só não estava ali por um “grave erro logístico”, segundo a organizadora do evento.

Parece-lhe muito, leitor, nove presidentes parceiros do FSP? Um ano mais tarde, em 2008, 17 países estavam governados por seus membros. E ele ainda era tratado como ficção direitista em 2013, quando se reuniu em São Paulo diante dos óculos opacos de uns e o muxoxo de outros.

Ou seja, meu caro leitor, quando se trata de iludir multidões, num projeto totalitário de dominação, os meios e as técnicas disponíveis são conhecidos e eficientes. Não há o que negar. Felizmente, o elefante, por sua própria natureza, acaba se tornando visível e audível seu barrido.

 

* Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto,




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