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Artigos • 11 jan, 2022

Como se proteger do tsunami ômicron?


(por Pedro Hallal) – 

Recordes de infecções diárias são quebrados em vários países, exceto no Brasil, que testa pouco e segue às escuras

variante ômicron está causando um tsunami global. Recordes de infecções diárias foram quebrados no mundo e em vários países. Isso acontece pela combinação de três fatores:

  1. A variante ômicron é muito mais transmissível do que as versões anteriores do vírus.
  2. Infelizmente, a variante ômicron consegue romper a barreira de proteção fornecida pelas vacinas e infecta também os vacinados, embora em gravidade muito menor do que as infecções dos não vacinados.
  3. O cansaço causado pelos dois anos de pandemia diminuiu as medidas de contenção da circulação do vírus e, portanto, a ômicron circula livremente na maioria dos países.

Na coluna de hoje, tento resumir algumas das medidas que, com base no conhecimento científico acumulado ao longo desse período, podem nos ajudar a superar o tsunami ômicron.

  1. Manter o uso de máscaras, especialmente em ambientes fechados. Antes da chegada da ômicron, eu mesmo vinha defendendo que o uso diário de máscaras poderia estar terminando. Com o aparecimento da ômicron, é importante manter as máscaras por mais um tempo.
  2. Evitar aglomerações, especialmente as que envolvem mais de 10 pessoas. Já se tem evidência de sobra de que o contágio acontece com maior frequência em eventos maiores. Eventos pequenos, com menos de 10 pessoas, todas vacinadas, são muito mais seguros do que grandes aglomerações nesse momento.
  3. A vacina continua sendo a nossa melhor proteção contra a pandemia. Pessoas vacinadas têm risco menor de infecção por Covid-19, risco muito menor de hospitalização por Covid-19 e risco “muito muito” menor de morte por Covid-19 em comparação com os não vacinados.
  4. Furar bolhas. A grande maioria da população brasileira é a favor das vacinas, é a favor das máscaras e está querendo se livrar logo da pandemia. Infelizmente, ainda convivemos com alguns lunáticos contrários à vacinação e o uso de máscaras. Mudar a percepção dessas pessoas, com base no diálogo, é cansativo e difícil, mas muitas vezes funciona. Por isso, não desista do parente ou amigo que está influenciado por essas paranoias que circulam nas bolhas negacionistas. Siga tentando furar essas bolhas.
  5. Não entrar em desespero. Em caso de contato com alguém infectado, faça o teste e peça a todos que tiveram contato com você que façam o mesmo. Enquanto aguardam o resultado do teste, fiquem em casa, para evitar infectar outras pessoas. A testagem continua sendo imprescindível no enfrentamento do vírus.

Essas dicas são dirigidas à população brasileira. A população precisa que todos nós façamos o papel de protegê-la, visto que os políticos do governo de plantão continuam disseminando notícias falsas e atrapalhando o enfrentamento da Covid-19 no Brasil.

Na semana que passou, o Ministério da Saúde anunciou, tardiamente, o início da vacinação em crianças. O mais vexatório de tudo foi a contrariedade do ministro ao anunciar que não será exigida prescrição médica para a vacina. Mais parecia aquela criança contrariada, que foi obrigada a pedir desculpas para o amiguinho.

Na mesma semana, o presidente acusou a Anvisa de ter interesses secretos na promoção da vacinação de crianças. Recebeu uma resposta tão enfática que, certamente, ficou arrependido das bobagens que disse. Além de tudo, agora só tem dois caminhos: se desculpar ou comprovar as acusações que fez.

Por fim, os recordes de infecções diárias que são quebrados em vários países certamente também são observados no Brasil. Nunca houve tanta gente com Covid-19 ao mesmo tempo no país. No entanto, pela baixa testagem, pelo apagão de dados e pelo negacionismo, a população está impedida de saber a real dimensão do tsunami ômicron no Brasil.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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