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Artigos • 14 mar, 2020

Cuidado pelo caminho (Venildo Trevisan-frei)


Sempre é oportuno lembrar que o Carnaval já passou. Estamos em tempo de Quaresma. Tempo e espaço para um estudo mais aprofundado dos princípios que orientam nosso viver como seres humanos e como seres cristãos. Não poderemos nos contentar com os conhecimentos a nós legados por nossos antepassados. Necessitamos de mais e melhores conteúdos.

Aquilo que vem da história, ou da religião, é importante, mas não suficiente. Hoje desperta em minha mente algo muito sério. É o cuidado que precisamos ter enquanto nos encontramos a caminho. Cuidado com nossos valores e nossos dons. Cuidado com nossos sentimentos e com os sentimentos dos demais. Cuidado com os nossos projetos e suas implicâncias. Cuidado com o cultivo de nossa fé.

Não poderemos ficar na superficialidade. Precisamos buscar águas mais profundas. Precisamos cultivar nossos dons com mais esmero e maior responsabilidade. Precisamos ter mais prudência em nosso olhar. Diante da necessidade de vivermos uma profunda e constante conversão, temos de olhar com mais respeito à situação em que se encontram tantos irmãos e irmãs em nosso caminho.

Todo o cuidado é pouco. Não será um simples olhar e passar adiante. Não será um olhar à distância. Pois um olhar que passa adiante representa toda a indiferença e o desprezo pela vida do outro. Reflete aquilo que temos por dentro.

Pelo olhar, poderemos expressar verdades ou mentiras, amor ou ódio, alegria ou tristeza. Muitas vezes esse olhar pode se tornar maldoso, frio e indiferente. Pode se manifestar viciado ou cansado e marcado pela frieza e indiferença.

Nosso Mestre e Senhor estava caminhando pelo deserto necessitado, certamente, de uma sombra e de um lugar para o repouso. Eis que avista algo à distância. À medida que ia se aproximando, enxergava a sombra tão desejada. E, junto a ela, uma mulher samaritana.(É bom lembrar que Jesus é judeu e não havia entendimento entre samaritanos e judeus).

Mas Jesus não se perturbou. Olhou com um olhar sereno e compassivo nos olhos dessa mulher. Viu que ela trazia um balde. Sem olhar para a lei, imediatamente lhe pede: “Dê-me de beber”. E a samaritana, assustada, reclama: “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?”.

Esses poucos olhares e essas poucas palavras foram suficientes para quebrar o gelo; e os dois partiram para um diálogo sem precedentes. O Mestre apenas queria que ela entendesse que a pessoa com que estava falando possuía ensinamentos e poderes de transformar a face da terra.

Ela estava preocupada com a água. E ele estava preocupado pela alma. Abrir os olhos dela e abrir o coração. Encher esse coração não de água, mas da graça divina, de carinho e de ternura. Queria vê-la feliz. Queria vê-la correndo à sua comunidade e tornando-se missionária do amor e da paz.

Aproveitemos esse tempo para uma renovação interior, uma limpeza dos sentimentos. Todo o cuidado para celebrar a vida, a alegria e a paz. Todo o cuidado para com Deus. Ele merece todo o respeito e atenção




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