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Artigos • 05 jul, 2019

Desmoralização de Moro não inocenta o PT


Autor argumenta que Sergio Moro repete história de Freude tenta se defender com lógica insustentável, incapaz de livrá-lo das evidências de que a Lava Jato atropelou a lei. Tal constatação, contudo, não inocenta e não corrige os erros do PT.

Em duas de suas obras, Freud conta uma história deliciosa para ilustrar o quanto e como a contradição habita o inconsciente. Um cidadão se queixa de que emprestou um caldeirão ao vizinho, que o devolveu furado. Investigado e inquirido, o vizinho respondeu: 1) ele não me emprestou caldeirão algum; 2) eu o devolvi intacto; 3) o caldeirão já veio furado.

As respostas do ex-juiz e ministro da Justiça, Sergio Moro, aos que criticam a atuação dele e do procurador Deltan Dallagnol, postas à luz pelas revelações do site The Intercept Brasil, são de um teor comparável. Moro respondeu: 1) as informações podem ter sido adulteradas; 2) elas não contêm nada demais. E acrescenta que a eventual adulteração talvez tenha sido parcial.

Sem dúvida, os defensores do midiático ex-juiz dirão que a comparação não procede. No caso do personagem de Freud, as respostas se contradizem. Se não houve nenhum empréstimo, o caldeirão não poderia ter sido devolvido, nem o vizinho saberia que ele já veio furado. E se ele já veio furado, não poderia ter sido devolvido intacto.

Já no caso de Moro, diriam: as informações podem ser eventualmente falsas (em parte ou na totalidade) e, além disso, não conter nada de escandaloso.

Respondo: em termos da lógica, entendida no sentido teórico mais estrito, é assim mesmo. As respostas de Moro são compatíveis. Porém no registro de uma lógica pragmática, elas são contraditórias, e esse registro é essencial, tanto mais em se tratando de questões políticas. ( Por Ruy Fausto)

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