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Artigos • 22 fev, 2020

Gestos de bondade com dinheiro público


O corporativismo e o sindicalismo amordaçaram a capacidade do governo federal  para atender a seus compromissos onstitucionais.

A ida dos governadores ao presidente da República para pedir isenção de impostos federais sobre energia e combustíveis tinha tudo para receber uma negativa. Durante décadas, praticamente todos os governadores, em sucessivas gestões, preocuparam-se em buscar gestos de bondade com o dinheiro público para favorecer os servidores públicos em todos os níveis.

Note-se que, na área federal, aconteceu o mesmo processo de dilapidação da receita, em gestos de bondades, em consequência, permitiram ou ignoraram que esse procedimento estava fortalecendo o corporativismo e o sindicalismo, poderosos instrumentos que amordaçaram a capacidade do governo federal para atender a seus compromissos constitucionais de atender às demandas fundamentais da sociedade: saneamento, saúde, educação de qualidade, segurança e infraestrutura.

Nunca questionaram a origem dos recursos para seus gestos de bondades. Como consequência desse processo predatório, endividaram-se, a nação e os Estados. E assim esgotaram-se todas as fontes imaginadas, além dos impostos, apropriando-se, sem constrangimento, de dinheiro que não lhes pertencia. Tais como depósitos judiciais, precatórios (além de não pagarem pelo valor de face no vencimento, ainda negociam um deságio, presentemente até 80%), atraso de pagamentos de funcionários e de fornecedores.

Quebraram os Estados, levando-os ao estado falimentar. Esta é a realidade. E os senhores governadores simplesmente a ignoraram. O que deve ter levado o presidente Bolsonaro a pronunciar, talvez em tom jocoso: “Aceito a proposta de zerar os impostos federais que incidem sobre a energia e os combustíveis, desde que os senhores façam o mesmo com o ICMS”.

Pergunto, qual poderia ser a reação de um presidente de um país, que também está em estado falimentar, buscando recuperação, face a esta proposta, na minha opinião, maldosa e inoportuna.

E aí a surpresa. Os políticos, com suas bondades com o dinheiro público, ficam ofendidos com a postura do presidente e, ainda mais, mobilizam a sociedade contra o presidente, sem se dar conta de que ela está pagando a conta das irresponsabilidades cometidas pelos poderes constitucionais, coadjuvantes omissos do caos.

Paulo Vellinho – empresário – Zero Hora – RS




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