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Artigos • 30 set, 2020

Livro de Mandetta é retrato de disfuncionalidade de Bolsonaro na Presidência


(por Elio Gaspari ) – 

Como ministro, o médico endossou todos os procedimentos corretos para o controle do vírus; como deputado, foi temerário, metendo-se onde se meteu

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta publicou suas memórias do poder. O livro chama-se “Um Paciente Chamado Brasil”. Seria mais preciso denominá-lo “Dois Pacientes Chamados Bolsonaro e Mandetta”.

Mandetta ficou 16 meses no Ministério da Saúde, teve um desempenho estelar durante a pandemia e acabou demitido por suas virtudes e por defeitos alheios. Como em todo livro de memórias, fala bem de si e escolhe aqueles de quem fala mal: Bolsonaro, Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni, nessa ordem.

Sua análise do comportamento do capitão diante da pandemia é exemplar. Médico, ele pensou em ser psiquiatra e cursou um ano dessa matéria, até se decidir pela ortopedia. Diante da Covid, Bolsonaro passou por três fases de manual. Primeiro a negação (“uma gripezinha”), depois a raiva do médico (Mandetta), finalmente, o milagre (a cloroquina). É um retrato perfeito no qual o médico ministro tenta mostrar ao presidente o tamanho do problema, não consegue ser ouvido e entra num desastroso processo de fritura. Quando ele avisava que poderiam morrer mais de 100 mil pessoas, os áulicos contavam ao presidente que essa conta era exagerada. Seria coisa de quem queria derrubar o governo. Quem? O embaixador chinês.

O paciente Bolsonaro está exposto com precisão. Já o paciente Mandetta precisa ser decifrado pelos leitores. O ministro Mandetta endossou todos os procedimentos corretos para o controle do vírus, já o ex-deputado Mandetta (DEM-MS) foi temerário, metendo-se onde se meteu.

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