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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 10 dez, 2021

O que será da esperança


(por Mário Montanha Teixeira Filho) – 

Os primeiros capítulos da disputa eleitoral que 2022 anuncia foram lançados. Enquanto o país se arruína sob os desmandos de um monstro e suas milícias, e seus aliados terrivelmente evangélicos, e sua estupidez sem limites, a elite proprietária sonha com a terceira via. O ser imaginado pelos controladores do dinheiro, dos meios de comunicação e dos lucros oferecidos pelo deus-mercado demora a tomar forma, a virar gente. Mal se sabe se chegará a existir como alternativa à preferência dos eleitores, que parece oscilar entre a continuidade da tragédia bolsonarista e a retomada da experiência conciliadora do PT e seus aliados centristas.

Até agora, as aparições dos candidatos a candidato da direita “moderada”, orientadas por marqueteiros e financiadas por senhores engravatados e sóbrios, só causaram impacto entre simpatizantes. Moro, o ex-juiz que ajudou Bolsonaro a estar onde está, que prendeu e arrebentou, que virou ministro de governo da besta, que queria uma vaga no STF e que arranjou emprego nos EUA, voltou à aldeia para se inscrever num partido de aluguel. Despido da toga, o antigo justiceiro faz pose de político, atrapalhado com protocolos que não domina, a pronunciar frases que revelam completa ausência de projeto para o país. Difícil saber quais setores, além da classe média lavajatista, lhe darão ouvidos.

Dória, o peessedebista que um dia quis distribuir ração aos pobres, venceu a guerra que colocou em polvorosa a alta plumagem tucana. É candidato, também. Meio sem rumo e sem grandes perspectivas de votos, sinaliza uma aproximação com Moro, na tentativa de formar um corpo visível ao sofrido eleitorado. No meio da confusão, milicos se dividem. Alguns mantêm fidelidade ao credo genocida; outros reivindicam espaço na barca dos arrependidos.

Com Bolsonaro, a criatura sombria nascida de um golpe de estilo moderno (“com Supremo, com tudo”), o roteiro está dado. É um roteiro de destruição e ódio. Já a direita que se apresenta como civilizada tem um problema crônico: a incapacidade de falar a língua de quem não acredita nas maravilhas da livre iniciativa, do empreendedorismo e da meritocracia. A língua dos despossuídos. Para essa enorme maioria, que voltou à condição de miséria e fome com o neoliberalismo selvagem de Guedes, não interessam os humores do mercado. Interessa-lhe viver com dignidade.

Pois é aí, nesse campo sensível, que Lula circula com desenvoltura, à espera de um adversário que ainda não tem cara. Seu discurso bem articulado, feito de muitos exageros e algumas verdades – inteiras ou não –, espalha um sentimento que foi roubado da sociedade nos últimos anos de horror: esperança. Goste-se ou não, a esperança (ou o que restou dela) está, neste momento, personificada em Lula. E isso diz muita coisa, ainda que não se saiba bem o que virá quando – e se – as urnas confirmarem o que é sabido desde logo

Fonte – Blog do Zé Beto




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