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Artigos • 10 fev, 2020

Sebastião Salgado, miséria intelectual


Ele é um dos fotógrafos mais premiados do planeta. Há muitos anos especializou-se em fotografar a miséria; onde há um pobre, seja na Somália, nos grotões da América Latina, lá estará ele, de máquinas, filtros e lentes em punho, captando a estética da miséria.

Suas fotos são tão bonitas e tecnicamente perfeitas que quem as vê enxerga mesmo uma certa harmonia na miséria.

Mas não vamos falar das fotos, até porque, ele, que viveu muitos anos às margens do Rio Doce, não fez uma só delas da tragédia de Mariana e nem de Brumadinho – omitiu-se, com certeza, para poupar uma de suas grandes patrocinadoras.

Falemos primeiro de seus, digamos assim, “pensamentos políticos”! Agora mesmo seu nome aparece entre as mil e poucas “celebridades” – Caetano Veloso, Juninho Pernambucano, Benedita da Silva e Jean Willys, entre elas – que assinam o manifesto contra o que eles chamam de “escalada autoritária” do Governo Bolsonaro e com o objetivo de “condenar estes atos de violência e de aparelhamento burocrático e ideológico do Estado, para que não se configure em um programa eficiente e regular de censura”.

MINHA PRESIDENTA

Sebastião Salgado é daquela espécie de “intelectual” que chamava Dilma Rousseff de “presidenta” e encarava como verdadeira e real a informação de que Lula “colocou 35 milhões de brasileiros saídos da linha de pobreza na classe média”, como declarou em recente entrevista a El País.

Na mesma entrevista – e é aí que reside a qualidade intelectual do entrevistado – ele declarou que a Vale do Rio Doce, co-responsável pelo desastre de Mariana e única responsável pela tragédia de Brumadinho “é uma das empresas mais razoáveis do ponto de vista ambiental”.

O manifesto que ele assina pode ser descrito como um apanhado de mentiras – ou de covardias, segundo diria Carlos Vereza, este sim um intelectual honesto – e desonestidades intelectuais, basta dizer que ele menciona o discurso de Roberto Alvim sem dizer que este foi sumariamente demitido pelo presidente Jair Bolsonaro.

Sebastião Salgado conhece a Vale do Rio Doce mais do que todos nós, pois além de ter nascido em Minas Gerais (Aimoré) e vivido muitos anos às margens do Rio ainda tem uma Ong (“Instituto Terra”), que desde as origens nadou de braçadas nas gordas verbas da mineradora.

Ele sabe muito bem, portanto, que ambos os desastres foram criminosos, pois as empresas – a Samarco e a Vale – foram previamente avisadas dos riscos de rompimento por geólogos da maior idoneidade.

Ele deve saber, portanto, o quanto há de falso no manifesto que assinou.

Por Dirceu Pio – Blog do Zé Beto




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