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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 16 fev, 2021

UM CARNAVAL PERMANENTE


( Claudio Henrique de Castro ) –

Um militar confessa articulações com o alto comando para ameaçar o Supremo
Tribunal Federal pelas mídias sociais e confessa em livro tal desatino, na semana que antecede
o carnaval.
Coincidência? Ou mais um recadinho de tantos, aos ministros do Supremo, para que se
ponham em seus devidos lugares, nas gerais e não no camarote do poder.
Descobre-se que não há vacinas, e nem se tem previsão de quando e se virão, outro
apagão como tantos.
O ministro militar da pasta da saúde não é formado em logística, mas foi indicado com
este predicado, também normal, a lista de falsos doutores e mestres é longa, da fanfarronice
também.
Festas clandestinas lotam condomínios fechados, chácaras e ruas das periferias e de
bairros chiques, sem máscaras carnavalescas ou de proteção à pandemia. Álcool? só o das
garrafas.
As concessões de pedágio avançam em todo país, como tratores que revolvem a palha
da colheita passada, mais 30 anos de escravidão tarifária abusiva.
A Petrobrás, refinarias lucrativas, Correios, Caixa Econômica, Banco do Brasil, a
Eletrobrás todos na fila da privatização para corporações internacionais.
Alcântara já se foi, a Amazônia a caminho.
AlalaôôôôoooôÔ.
O Centrão domina soberano o Congresso Nacional às custas de 3 bilhões de moedas
dos cofres do poder executivo, habilmente transferidos, para barrar o impeachment, do qual
abundam razões jurídicas e pelo descumprimento das mínimas regras da boa educação.
Nada acontecerá até o próximo carnaval.
O povo está com fome? Dê armas para eles comerem.
Pistolas, revólveres, carabinas, munições para derrubar um governo autoritário…Será?
As urnas eletrônicas não são confiáveis, segundo o poder de plantão, e parte do
generalato urdindo mensagens nas redes sociais e assumindo seu papel de “moderador” do
Estado.
Tudo isto acabará em 2022? Ou ficaremos mais 21 aninhos aguardando uma nova
república?
Processos penais são isto mesmo? Uma combinação explícita entre acusadores e o
julgador para condenar os reús e se darem bem politicamente?
A autodenominada oposição patina, desconversa, apresentadores dominicais salivam,
governadores pedem bençãos, e toda aquela fila de gaiatos em busca poder.
E o Congresso Nacional? Permanece na alternância entre o insaciável e o genuflexo.
A pauta dos costumes avança. Os direitos sociais e coletivos retrocedem, marcham
para trás.
E o povo? Ao povo carnaval, desemprego e o auxílio emergencial minguado. E lambam
os beiços. O escravagismo e o autoritarismo estruturais do Brasil pedem passagem.
Cordialidade? A violência contra as mulheres está batendo recordes e os indicadores
sociais voltando aos patamares de 1980.
O Brasil Colônia que se prepare, um grande fazendão sem ciência ou pesquisa
científica está por vir. Bons tempos aqueles?
O agro é pop, os agrotóxicos abolidos no mundo são utilizados no Brasil e fazem seu
papel, dos lucros fáceis e da poluição dos mananciais, em larga escala.
O carnaval é isto, uma festa pagã sem organização que celebra o tudo e o nada,
diverte, faz a catarse coletiva das injustiças, para depois da quarta-feira, tudo voltar ao normal.
Com 240 mil vítimas da pandemia, o Brasil é castigado pelo irresponsável
negacionismo oficial. Relações internacionais com a China? Primeiro às boas maneiras, depois
as tratativas.

O Brasil é um carnaval permanente, sem rumo ou destino.




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