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Brasil • 11 jun, 2018

Todo poder será castigado


No Brasil, poder é dinheiro. Poder tornou-se sinônimo de condição para a corrupção. É tanta revelação de falcatruas inomináveis que, para os cidadãos comuns, todo aquele que galga uma posição de comando na vida pública, do menor ao maior poder, passa imediatamente a ser olhado como suspeito de praticar os piores crimes com o dinheiro público em proveito pessoal ou de grupos.

É olhar as pesquisas e confirmar o que está explícito na sociedade. A maioria dos brasileiros não confia em ninguém na vida pública e tem fortes razões para isso. Situação que nos coloca entre as repúblicas de terceiro mundo que falharam ao estabelecer instituições democráticas fortes e equilibradas quando superaram um período trágico: a ditadura militar, que também naufragou na corrupção depois de prometer uma limpeza ética. 

Somos governados por grupos que, em vez de partidos representativos de parcelas da sociedade, com programas, ideias e princípios, se propõem a governar. Aqui os políticos formam quadrilhas e agem como criminosos para se perpetuar no poder. A última esperança de um partido modernamente pensado e construído foi para o lixo da história em queda estrondosa. O PT acabou igual aos piores, ou melhor, conseguiu superar, em volumes surrupiados, todos os outros que ocuparam o poder.

A tradição da corrupção, seus métodos e sistemas na vida pública brasileira vem de longe. Se olharmos em retrospectiva, veremos que estamos envoltos num processo que transformou a política, os políticos e os Poderes da República em focos de escândalos continuados. É puxar um pouco pela memória para lembrar os casos que mais repercutiram nacionalmente. Anões do Orçamento, Dossiê Cayman, Pasta Rosa, Máfia dos Fiscais, compra de votos para a reeleição. À parte a CPI do Banestado, que voltou a ganhar destaque ao ser mencionada de forma caricata na série O Mecanismo, da Netflix, os muitos escândalos de corrupção que assolaram o Brasil após a redemocratização parecem estar fadados ao esquecimento.

Mas a sucessão de eventos, crimes, personagens, investigações, bem como as parcas condenações fazem com que a realidade brasileira de combate à corrupção seja difícil, para não dizer quase impossível, de acompanhar. Cientistas sociais queimam tutano e neurônios para revelar os mecanismos de funcionamento das redes de corrupção no país e, no futuro, até prever como são formadas essas redes.

Há uma nova esperança

Acendeu-se uma nova esperança nos brasileiros. A de que, enfim, a corrupção que assola o país seja investigada em profundidade e rigorosamente punida como processo de reeducação. Se depender dos Procuradores da República representados emblematicamente por Deltan Dallagnol, e principalmente do juiz Sergio Moro, todo poder será castigado. Sim, todo poder usado de forma criminosa sofrerá investigação. A história sustenta a convicção de que no Brasil todos os Poderes são usados, em maior ou menor grau, para o cometimento de crimes contra a sociedade, a democracia e, especialmente, contra as finanças públicas que já são poucas para tanta demanda social.

Há razão para tamanha expectativa de justiça. Em quatro anos, a Lava Jato colocou na cadeia os maiores empreiteiros do país, dezenas de políticos e até um ex-presidente da República. No total, 188 condenações impostas a 123 réus. É o resultado, até aqui, do maior escândalo de corrupção no mundo ocidental. E tudo indica que esse processo vai longe. Todos os dias os brasileiros amanhecem com uma novidade de falcatruas que parecem não ter fim.

Por boa ou má-fé, entre os mais desconfiados que se acostumaram a ver vitoriosas as manobras para salvar corruptos, muitos têm se dedicado a teorias conspiratórias que desembocariam em um acordão para salvar poderosos da cadeia. E que envolveriam o Congresso Nacional, a Presidência da República e a Suprema Corte. As tramas existem, mas, pelo que se viu até aqui, estão fadadas ao insucesso.

FONTE – BLOG DO FABIO CAMPANA




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