Campo Grande, 25/04/2024 16:57

Blog do Manoel Afonso

Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

Política

Política • 25 jan, 2020

Associação de tecnologias da Embrapa para o controle de percevejo e ferrugem asiática na soja


O programa de melhoramento da Embrapa é estruturado em três programas:
convencional (não transgêncico), RR e IPRO. Mas é importante realizar o
posicionamento fitotécnico de cultivares de acordo com os genótipos dentro de
sistemas de produção, específicos para cada região. Dessa forma, é possível obter
resultados eficientes ao explorar o máximo potencial produtivo dos materiais.

Segundo explicou o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária
Oeste (Dourados, MS), no Showtec 2020, o posicionamento tem a ver com diversos
fatores, como população de plantas, épocas de semeaduras, adubação, manejo de
pragas, doenças e plantas daninhas. No estande da Embrapa, Garcia ministrou
palestra sobre o posicionamento de cultivares de soja BRS com tecnologias Block
(tolerante ao percevejo) e Shield (tolerante à ferrugem-asiática), com foco no período
de plantio em Mato Grosso do Sul.

O cultivar de soja transgênica BRS 543 RR possui tecnologia Block, que torna a
oleaginosa tolerante ao percevejo. “É um material super precoce. Não é para abrir
plantio. O ideal é que seja plantado mais no início de outubro para ter alta
produtividade”.

Também com tecnologia Block, a soja convencional BRS 391 possui resistência ao
mosaico, nematoide-de-galha e tolerância ao percevejo possui crescimento
determinado. ”Os últimos plantios são os que possuem mais problemas com o ataque
de percevejos. E esse material foi desenvolvido para fechar plantio. Por isso o plantio
mais adequado é no fim de outubro até 15 de novembro para ter potencial produtivo”,
diz Garcia.

A BRS 511, também convencional, “vai bem no plantio do cedo, possui resistência
genética à ferrugem da soja – devido à tecnologia Shield. Seu potencial produtivo é
maior entre 20 de setembro, início de outubro. Tem amplo espectro de recomendação.
Zero defensivo

Pesquisa da Embrapa, realizada por Harley Nonato de Oliveira, pesquisador e Chefe-
Adjunto de P&D da Embrapa Agropecuária Oeste, e parceiros, demonstrou que a
associação entre a tecnologia Block (contra percevejos) do cultivar de soja BRS 543
RR e o controle biológico feito pelo parasitoide Telenomus podisi (inseto registrado,
em 2019, como defensivo agrícola natural) traz grandes benefícios à cultura da soja.

Foram instaladas três áreas experimentais, em Mato Grosso do Sul, para analisar
essa associação. Em uma delas, foi liberado o Telenomus podisi (que, além de
parasitar o percevejo, tem como uma de suas características ser menos sensível a
variações de temperatura) onde havia o material BRS 543 RR. O resultado das
pesquisas prova que é possível fazer o controle sem a aplicação de inseticida. Para
este ano, o trabalho será repetido também com material convencional.

Mesmo com a junção dessas tecnologias, o pesquisador reforçou que outros fatores
do manejo integrado de pragas (MIP) devem ser levados em consideração. “O
monitoramento da lavoura é um dos fatores mais significativos do MIP. Quem está
fazendo, está ganhando. O controle químico é o último a ser adotado”.
Ferrugem-asiática da soja na mira

“A ferrugem-asiática da soja é uma doença cosmopolita, que se espalhou rapidamente
pelo mundo, exceto em alguns microclimas”, disse Alexandre Dinnys Roese, analista
do grupo da pesquisa da Embrapa Agropecuária Oeste, que ministrou palestra sobre a
resistência genética à ferrugem da soja no estande da Embrapa.

monociclo da doença é muito rápido – de seis a sete dias. Causa aberturas nas
folhas, que perde água, nutrientes e área fotossintética, resultando no amarelecimento
das folhas, que acabam caindo. Apesar de não ser transmitida por semente, sua
disseminação é feita pelo vento e sobrevive em folhas vivas.

“O controle deve ser focado no ambiente, no patógeno. A resistência da cultura à
doença é um desejo antigo. Mas estamos chegando próximo com a tecnologia Shield,
tolerante à doença”, falou Roese.

Com o escudo Shield, que está sendo incorporada nas tecnologias convencionais, RR
e IPRO, a ferrugem-asiática não se reproduz, o que proporciona a flexibilidade de dias
para serem feitas aplicações de defensivo. A tecnologia Shield faz com que a planta
aborte as células mortas, o que resulta em poucos ou nenhum esporo da ferrugem. A
folha não amarela e há pouca desfolha. A oleaginosa não perde tanta água e o fungo
não se reproduz. A tecnologia interrompe o ciclo da doença e é mais fácil manejá-la.

Sílvia Zoche Borges (MTb-MG 08223)
Embrapa Agropecuária Oeste
agropecuária-oeste.imprensa@embrapa.br




Deixe seu comentário