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Política

Política • 15 ago, 2020

Bolsonaro forma articulação política com ex-ministros de Dilma e Temer


Disposto a pacificar a relação com o Congresso, o presidente Jair Bolsonaro recorre à velha guarda da política tradicional, principal alvo de seu discurso na campanha de 2018. Ao concluir sua mais recente manobra, trocando o líder do governo na Câmara, Bolsonaro montou uma linha de frente formada exclusivamente por ex-ministros de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).

 Para os aliados do governo, as mudanças não representam contradição, tampouco confundem o eleitor de Bolsonaro, pois, na sua visão, qualificam o andamento das propostas legislativas do governo.

– Não há confusão porque vamos trabalhar para gerar resultados ao país. São pessoas experientes, conhecem muito o funcionamento do Congresso e vão nos ajudar _ comenta o vice-líder do governo, Maurício Dziedricki (PTB-RS).

Mais novo responsável pela interlocução com as bancadas, Barros foi ministro da Saúde de Temer. À época do impeachment de Dilma Rousseff, ele chegou a negociar o cargo em troca do apoio do PP à permanência da presidente. Contudo, recebeu garantia que também ficaria com a pasta caso aderisse à deposição da petista, o que acabou ocorrendo.

No ano passado, Barros foi denunciado por improbidade administrativa, acusado de irregularidades na compra de R$ 19 milhões em medicamentos ao ministério, sem que os produtos tenham sido entregues. Com serviços prestados como líder e vice-líder aos também ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, ele chegou a ter o mandato cassado no ano passado por compra de votos, mas a decisão foi anulada em segunda instância e agora está em análise no Tribunal Superior Eleitoral.

– Sou um político de resultados. Tenho capacidade de articulação porque sempre fui líder e vice-líder de governo _ disse na quinta-feira, lembrando os seis mandatos de deputado.

Barros terá o auxílio do colega de partido e líder da maioria, Aguinaldo Ribeiro (PB). Ex-ministro das Cidades de Dilma, Aguinaldo é réu no STF no processo do “quadrilhão do PP”. Ele e a cúpula da legenda, incluindo outro recente aliado de Bolsonaro, o deputado Arthur Lira (PP- AL), teriam desviado R$ 390 milhões da Petrobras em esquema desbaratado na Operação Lava-Jato.

No Senado, o líder do governo é Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), ex-ministro da Integração Nacional de Dilma. Delatado pelas empreiteiras Odebrecht e Galvão Engenharia, ele é investigado na Justiça Federal e foi alvo de uma operação policial em setembro do ano passado. Mesmo assim, foi mantido no posto por Bolsonaro.

Bezerra atua afinado com o líder da maioria, senador Eduardo Braga (MDB-AM). Braga foi ministro das Minas e Energia de Dilma e se manteve fiel à presidente até o impeachment, em 2016. Assim como os colegas de liderança, foi delatada na Lava-Jato, e responde a inquérito no STF por suspeita de receber propina da JBS. Todos negam qualquer irregularidade ou ilícitos penais.

Em sintonia nas duas Casas, o quarteto irá trabalhar para pavimentar a aprovação dos projetos de interesse de Bolsonaro no Congresso, mas também estancar as ameaças de impeachment. A desarticulação na fragmentada base de sustentação do governo também faz de Bolsonaro o presidente que mais teve vetos derrubados pelo Congresso nos últimos 20 anos. Até agora, 24 determinações foram revertidas em plenário por deputados e senadores.

Fonte – Zero Hora




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