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Política • 30 set, 2020

Dobra número de policiais e de militares candidatos em 2020


O número de policiais civis, militares e de membros da ativa e da reserva das Forças Armadas que se candidataram a prefeito e vice-prefeito neste ano é o dobro do que o registrado nas eleições municipais de 2016.

São 388 candidatos a prefeito, contra 188 que disputaram o Executivo municipal há quatro anos, antes da eleição do presidente Jair Bolsonaro e da entrada de integrantes do Exército no governo federal.

Levando-se em conta os postulantes a vice-prefeito e vereador, 6.723 policiais e militares vão participar do pleito deste ano em todo o País. Isso representa um aumento de 11,4% em relação às últimas eleições, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O maior aumento é entre os que se declaram “membro das Forças Armadas”. Eram 123 candidatos em 2016. Em 2020, são 182. Em números absolutos, entretanto, o total é maior entre os PMs: eles eram 3.205 nas eleições passadas, agora são 3.561 (11% mais).

Marcelo Crivella, a vice Andréa Firmo e o presidente Jair Bolsonaro em material de divulgação (Foto: Reprodução)

Para especialistas, esse crescimento se deve à presença de Bolsonaro na Presidência – e, consequentemente, à defesa de uma pauta conservadora com a qual parte dos PMs se identifica – e ao fortalecimento do corporativismo militar e policial. “Os Bolsonaros sempre fizeram política nas corporações”, disse o cientista político Carlos Melo, do Insper.

O professor Glauco Peres da Silva, da USP, vê duas possibilidades para explicar a curva crescente de candidatos militares e policiais. “Você tem dois movimentos: pensar que, de fato, tem militares que estão tentando mudar de carreira, entrar na política. E outro grupo, de pessoas que já eram candidatas, mas não usavam essa bandeira.”

O presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, destacou que o discurso desses candidatos vai além da pauta da segurança e passa por uma defesa da “ordem”, associada a grupos pentecostais. “Policiais estão indo além da figura da família Bolsonaro. O bolsonarismo é maior do que o Bolsonaro em si. Tem a ver com esse momento de convergência à direita, mas uma convergência a partir de um discurso de ordem.”

No Estado de São Paulo, houve aumento de 45% no número de candidatos que se declararam PMs, de 444 em 2016 para 648 agora. “A PM de São Paulo é grande e muito insulada em si mesma. Agora chegou à conclusão, diante desse ambiente todo, de que, como instituição, seus representantes é que devem garantir seus interesses”, disse Lima.

Para o senador Major Olímpio (PSL), que lidera um movimento de oposição ao governo João Doria (PSDB) entre os PMs, “o resultado da eleição de 2018 incentivou muitos militares a se candidatarem agora”. “Em São Paulo, temos atualmente 113 vereadores (em várias cidades). Acredito que nesta eleição serão 250 os militares eleitos”, afirmou. “Muitos candidatos a prefeito usaram a estratégia do (Paulo) Skaf e do Márcio França e convidaram policiais para vices.”

O PSL, partido pelo qual Bolsonaro se elegeu, contou com 141 candidatos militares ou policiais civis em 2016. Agora, são 648, 360% de aumento. Patriota e PRTB (sigla do vice-presidente Hamilton Mourão) também tiveram aumentos acima dos 100%. Na esquerda, o PSOL havia lançado 54 em 2016 e agora terá 26 candidatos.

O deputado general Roberto Peternelli (PSL-SP), que coordenou candidatos militares das Forças Armadas no País em 2018, observou que “há candidatura militares em todos os partidos, do PSOL ao PSL”.

“A vantagem de não haver o vínculo específico é que os princípios militares não se fragmentam porque os candidatos estão em um único partido, além de aumentar as chances de êxito das candidaturas.” A presença de militares em partidos de esquerda não incomoda seus pares – conhecidos por posições, no geral, conservadoras. Para eles, o que importaria é formar uma bancada da defesa e da segurança




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