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Política • 07 out, 2020

Eleições: Republicanos e PSL dominam nas grandes cidades


Folha de S. Paulo – O Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, e o PSL, sigla pela qual Jair Bolsonaro se elegeu presidente da República, são os que mais lançaram candidatos às Câmaras Municipais das maiores cidades do país, desbancando legendas até então campeãs na tentativa de obtenção das vagas no Legislativo, como MDB e PSDB.

Republicanos e PSL registram, cada um, cerca de 3.000 candidatos aos Legislativos municipais nas 95 maiores cidades do pais, uma média de mais de 30 por município.

Essas cidades, que incluem 25 das 26 capitais (com exceção de Palmas), formam o grupo daquelas com mais de 200 mil eleitores, que podem ter segundo turno e que abrigam 40% da população do país.

As duas siglas são uma espécie de novatas no clube, já que nas duas últimas eleições municipais não figuraram nem entre as dez que mais elegeram vereadores pelo país. Há quatro anos, a liderança tanto no número de candidatos lançados quanto no número de eleitos foi de PSDB e MDB.

O Republicanos tem como principais candidatos a prefeito neste ano Celso Russomanno, em São Paulo, e Marcelo Crivella, no Rio, ambos contando com a simpatia de Bolsonaro.

O presidente disse que não iria participar das eleições no primeiro turno, mas tem aberto diversas exceções para declarar apoio a aliados.

Na segunda (5), Bolsonaro reforçou publicamente que irá ajudar Russomanno. Nesta terça-feira (6), a família presidencial divulgou em suas redes sociais vídeo em que ele pede voto para uma candidata a vereadora de São Paulo pelo Republicanos, Sonaira Fernandes, ex-assessora do clã.

O PSL, que era nanico antes do ingresso de Bolsonaro na sigla, em 2018 (o presidente rompeu com a legenda cerca de um ano após ser eleito), vai para a disputa em São Paulo com a deputada federal Joice Hasselmann e, no Rio, com o deputado federal Luiz Lima.

Com o fim da possibilidade de coligações para a eleição de vereador (a união ainda é permitida no caso de candidaturas a prefeito), os partidos buscam novos meios de tentar vitaminar suas chances de ocupar cadeiras no Legislativo.

Um deles é o lançamento de prefeitos do próprio partido com o intuito de reforçar a campanha das chapas de vereadores.

Outra é o lançamento de mais candidatos a vereador. Embora um número maior de candidatos não seja garantia de eleição, no sistema proporcional a soma dos votos dados a todos os candidatos do partido, além dos votos na legenda, contam no cálculo para definição de quantas cadeiras cada agremiação terá no Legislativo municipal.

Ou seja, mesmo que não obtenham votos suficientes para serem eleitos, candidatos derrotados ajudam a eleger os mais bem colocados do partido.

Devido a isso, a grande maioria dos 33 partidos políticos brasileiros elevou o número de candidatos a vereador, não só nas grandes cidades, mas no país como um todo.

Além da chapa completa —a legislação permite que cada partido lance candidatos na proporção de até 150% das vagas na respectiva Câmara Municipal—, puxadores de votos também são armas usadas pelas legendas para encorpar a votação e obter um maior número de cadeiras.

Depois de Repúblicanos e PSL —que não se manifestaram sobre as razões específicas da elevação do número de concorrentes aos Legislativos municipais—, os partidos com mais candidatos a vereador nas grandes cidades são DEM, MDB, Podemos, PSDB, PSD e PT.

Nas eleições de novembro, serão eleitos os próximos prefeitos e vereadores. Nas grandes cidades, há um avanço de candidatos a prefeito mais ligados à centro-direita, impulsionados pelo sucesso eleitoral de Bolsonaro e a onda que o elegeu em 2018.

A esquerda também tem ampliado o número de concorrentes. Principal derrotado em 2016, o PT é o campeão de candidatos a prefeito nas 95 maiores cidades do país, mas em mais de 40% delas o seu candidato não conseguiu angariar o apoio de mais nenhuma outra legenda.

Em São Paulo, maior cidade do país, a corrida pelas vagas da Câmara Municipal polariza bolsonaristas contra partidos de esquerda. Aliados de Jair Bolsonaro buscam repetir a onda conservadora observada na eleição de 2018, quando o PSL elegeu 15 deputados estaduais e se tornou a maior bancada da Assembleia Legislativa do estado.

Os simpatizantes do bolsonarismo estão, agora, espalhados por pelo menos seis siglas (o próprio PSL, além de Republicanos, PTB, Patriota, PSD e PRTB). No campo oposto, partidos de esquerda e centro-esquerda como PSOL, PT, PSB, PDT, PC do B e Rede têm em suas listas de apostas nomes que empunham bandeiras como diversidade e redução das desigualdades.

Na parte de baixo do ranking das candidaturas de vereadores nas maiores cidades do país estão as siglas nanicas e partidos como o Novo e a Rede, da ex-candidata à Presidência Marina Silva.

Embora tenha triplicado o número de candidatos a vereador em 2020, nas grandes cidades, o Novo saiu de um patamar baixíssimo em 2016, ano seguinte à aprovação de seu registro pela Justiça Eleitoral. Neste ano lançou menos de 500 nomes às Câmaras Municipais nesses 95 grandes centros, o menor número, excetuados os nanicos.

Após um péssimo resultado eleitoral em 2018, quando só se salvou na eleição ao Senado, a Rede tem sido, neste ano, econômica no número de candidatos que tem lançado. Mas também elevou o número de candidatos a vereador nas maiores cidades (cerca de 1.200).

Dos poucos partidos que reduziram o número de candidatos a vereador nos principais municípios, destaca-se o PSOL. A legenda de esquerda lançou 1.592 nomes neles quatro anos atrás, contra 1.200 agora. O partido disse não ter havido diretriz específica e que a redução é reflexo apenas do acaso.




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