A CRÍTICA: O senhor foi preso, acusado de obstrução à Justiça, perdeu o mandato de senador e agora foi absolvido na primeira e segunda instância. Como o senhor analisa toda essa situação?
Delcídio: Além de ter sido inocentado, foram consideradas nulas as provas que tinham contra mim. Exageros que foram cometidos. Fui preso por obstrução de justiça em um flagrante forjado, perdi o meu mandado em um momento vulnerável do Senado. O raciocínio era simples: “Vai o Delcídio e ficamos nós”. E fora a questão do sofrimento pessoal, minha mãe, minha mulher, filhas, meu irmão (se emociona). E digo com a maior tranqüilidade: “Fui um dos senadores mais atuantes desse País”. Uma coisa é certa: estou conversando com os meus advogados para tomar as providências jurídicas cabíveis, para entrar (com pedido de reparação) contra a União e determinadas pessoas que armaram esse flagrante forjado contra mim. Quem me causou dano vai ter que assumir.

A CRÍTICA: O que pensa sobre o vazamento das informações da Operação Lava Jato?
Delcídio: Eu confio na justiça brasileira. Naquela que julga dentro da lei, dentro da Constituição. Como acredito, também, nos resultados da Operação Lava-Jato. Eu confio no ministro (Sérgio) Moro e em todos os procuradores, mesmo considerando o grande equívoco que aconteceu comigo. Isso tem que ser bem avaliado e investigado, pois algumas pessoas estavam adotando posturas não condizentes com isenção e com um equilíbrio de autoridades judiciárias. Alguns jornalistas com quem eu conversei confirmaram as mensagens via mensagens, por isso temos que olhar isso com muito cuidado, não podemos despertar na população esse temor de ter uma ação do judiciário direcionada ou com viés político forte.

A CRÍTICA: Qual sua opinião sobre a prisão em segunda instância, sem ter sentença transitado em julgado?
Delcídio: Há uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal)  que revisou essa posição, entendeu que já poderia fazer uma prisão em segunda instância. Agora há contradições: a Constituição não fala isso. A Constituição fala de transitado e julgado. Acho que precisamos aguardar essa decisão do STF, que deve acontecer em agosto. Vai ser um debate muito importante para o Brasil.

A CRÍTICA: Como avalia o governo Bolsonaro?
Delcídio: Temos que apostar que o presidente dê certo. O Brasil precisa gerar riquezas, a economia precisa voltar a crescer. Preocupa-me um pouco essa polarização ideológica que está acontecendo no Brasil. Esse País sempre foi plural, as opiniões eram respeitadas. Precisamos baixar a bola e não perder a energia com essas besteiras. Eu acredito que o governo Bolsonaro vai dar certo, pois tem medidas importantes que estão sendo tomadas e vão ser votadas.

A CRÍTICA: E a sua volta na política e os planos para o futuro?
Delcídio: Eu estou voltando. Eu sou do Partido Trabalhista Cristão (PTC), mas estamos discutindo uma opção partidária e falando com vários partidos para caminhar no Estado. Nossa idéia é eleger prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e consolidar o nosso partido. Vamos começar essa marcha e estruturando o partido para 2022, sem projetos para o ano que vem.