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Artigos, Política • 18 ago, 2019

O SUICÍDIO (artigo, dr. Thelmo Diniz)


Este ano, Getúlio Vargas Neto tirou a própria vida, repetindo o gesto do pai, em 1997, e do avô e presidente do Brasil à época, em 1954. Seria o suicídio um gesto ligado à genética ou tem a ver com a nossa personalidade e meio sócio-econômico? Os números no Brasil estão crescendo e, particularmente, vejo o tema com preocupação. E o mais importante, o que devemos fazer frente a casos como este?

Aproveito o mês do “setembro amarelo” (www.setembroamarelo.org.br) para colaborar com o alerta da data, que desde 2015 fala sobre o tema e como prevenir os casos de autoextermínio. Dados divulgados pela BBC Brasil indicam que, entre 1980 e 2014, a taxa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos aumentou 27% no Brasil. Estes dados são preocupantes e merecem um olhar atento de todos nós. Por que os jovens brasileiros estão cometendo suicídio no auge de sua juventude?

Os números são tão assustadores que apenas num único ano, cerca de 1 milhão de pessoas no mundo tiraram a sua própria vida – aproximadamente uma morte a cada 40s. O suicídio encontra-se entre as dez primeiras causas de morte, sendo que por cada suicídio ocorrem outras 11 tentativas sem sucesso.

É importante frisar que mais de metade das pessoas que se suicidaram estavam deprimidas. Estima-se ainda que o risco de suicídio ao longo da vida em pessoas com perturbações do humor (principalmente depressão) é de 6% a 15%; com alcoolismo, de 7% a 15%; e com esquizofrenia, de 4% a 10%. De igual forma, é interessante notar que o suicídio raramente é uma decisão repentina. Na maioria dos casos, o suicídio é algo planejado – a pessoa constrói um plano, estabelece uma data, define um método e pensa nessa possibilidade ao longo de algum tempo, antes de tomar uma decisão definitiva. Existem sinais claros na maioria das vezes.

Quando detectar que algo não vai bem com algum conhecido seu siga alguns passos. Primeiramente, seja um bom ouvinte – simplesmente ouça, com toda a atenção, não apenas os fatos, mas a dor, os medos e as inseguranças. Nunca julgue, não dê conselhos ou opiniões próprias. Reconheça o seu sofrimento, valorize o que é dito e demonstre que está disponível para a ajudar. É fundamental que essa pessoa saiba e sinta o quão importante ela é e que a sua vida tem valor para alguém. Demonstre empatia, procurando compreender as coisas não do seu ponto de vista, mas do ponto de vista do outro.

Ouça mais e fale menos. Entretanto, não hesite em questionar abertamente se a ideia de suicídio é ou não uma opção. É importante que a pessoa saiba que a sua morte causaria sofrimento nas pessoas que a rodeiam, e haveria pessoas que sentiriam a sua falta. Importante também nunca deixar uma pessoa, com risco de suicídio, sozinha. Incentive-a a pedir ajuda especializada – em um hospital, a um psicólogo ou psiquiatra. Pode também indicar o Centro de Valorização da Vida (www.cvv.org.br), que fica à disposição da população para ajudar durante as 24 horas do dia.

Gosto de uma frase do escritor Paulo Coelho: “Não desista. Geralmente é a última chave no chaveiro que abre a porta”. Faça uma boa semana

Fonte – O Tempo-BH




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