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Política • 13 dez, 2019

PIB da cidade de São Paulo equivale ao de 4.305 outros municípios


 O PIB da capital paulista equivale ao de 77,3% dos municípios brasileirosLicia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

Em 2017, São Paulo teve 1 PIB (Produto Interno Bruto) equivalente ao da soma de 4.305 municípios, ou 77,3% das cidades brasileiras, em 2017. No ano, a capital paulista registrou 10,6% de participação e R$ 699,3 bilhões de contribuição para a economia nacional, a maior entre todos os 5.570 municípios.

Os dados fazem parte de 1 relatório divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta 6ª feira (13.dez.2019).  O documento mostra que São Paulo concentra 5,8% da população do país, ao passo que esses 4.305 municípios reúnem 23,9% dos brasileiros.

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Para o técnico de Contas Nacionais do IBGE, Luiz Antonio de Sá, “isso dá uma noção da discrepância entre participação no PIB e participação de população”.

A pesquisa mostra que, dos 25 maiores municípios do país, 11 são paulistas, já incluída a capital. São necessários 4.903 (88%) municípios para equivaler ao peso da unidade federativa de São Paulo no PIB nacional. Em termos populacionais, esses 11 municípios concentram 23,9% da população, ao passo que os 4.903, 34,1%.

Para Luiz Antonio, trata-se de 1 “transbordamento do dinamismo econômico da capital para esses municípios próximos. E ainda têm outros municípios que não são da região metropolitana, como Ribeirão Preto e Campinas”.

AGROPECUÁRIA EM SÃO PAULO 

Em termos de perfil econômico, São Paulo e o grupo dos 11 paulistas têm suas economias concentradas sobretudo nos serviços e secundariamente na indústria. Mesmo assim, a região rural de São Paulo também chama atenção, por ser a sexta com maior valor adicionado da agropecuária no país, chegando a R$ 9,8 bilhões em 2017, mas representando apenas 0,7% de sua economia.

O geógrafo do IBGE Marcelo Delizio explica que a produção aparece como “outros produtos da lavoura temporária”, de acordo com a classificação do IBGE, e alguns serviços. “Ou seja, é hortifrúti, é o consumo interno da cidade. Não chegam a ser commodities para exportação. E isso faz com que essa região seja a sexta”, diz.

Marcelo disse que os municípios com maior produção agrícola são os da região Centro-Oeste, caracterizados por terem uma área muito extensa, o que explica a elevada produção. Segundo ele, a situação muda quando se analisam as regiões rurais, um conjunto de municípios onde um polo urbano fornece insumos e atrai a produção.

“A região rural é um recorte coerentemente mais uniforme em termos de espaço. Você vai ter, por exemplo, no Mato Grosso, regiões rurais com poucos municípios muito grandes. Quando você vai para o Paraná, São Paulo e Rio Grande do Sul, a mesma área tem, às vezes, 200 municípios. Nenhum município desses é destaque individual na produção agropecuária. Mas, quando você junta em um agregado, essas regiões rurais produzem mais, têm um PIB agropecuário maior que as regiões do Mato Grosso.”

GRANDES CIDADES

Os dados do IBGE mostram que 7 municípios respondiam por aproximadamente 25% da economia brasileira em 2017, concentrando 13,6% da população.

Embora tenha perdido participação, São Paulo (10,6%) permanece como a maior economia do país, seguido por Rio de Janeiro (5,1%) e Brasília (3,7%).

Entre eles, apenas Osasco, que passa da 16ª para a 6ª posição, e Porto Alegre, da 6ª para 7ª, alteraram suas posições de 2002 a 2017. Já os 1.324 municípios de menores PIBs respondiam por cerca de 1% do PIB nacional em 2017.

A gerente de Contas Regionais do IBGE, Alessandra Poça, explica que, embora haja uma concentração elevada da geração de renda no país, as grandes economias vêm continuamente perdendo participação para municípios menores. Segundo ela, isso é constante na série, mas, ao mesmo tempo, ocorre de forma lenta.

“A gente tem algumas variações de um ano para o outro, em que as explicações acabam sendo, muitas vezes, por conta de commodities. Quando a gente vê as participações entre 2017 e 2016 e também na série como um todo, quem mais ganha ou perde participação acabam sendo os municípios que têm uma economia baseada numa grande commodity, como minério de ferro, petróleo e soja.”

Quando se analisam as concentrações urbanas, que são municípios ou arranjos populacionais com mais de 100 mil habitantes e que apresentam um alto grau de integração devido a deslocamentos para trabalho e estudo, a concentração é ainda maior. São Paulo (17,3%) e Rio de Janeiro (7,7%) respondem juntas por 25% da economia nacional em 2017.

Em outro recorte, a cidade-região de São Paulo, 1 contínuo geográfico em que 92 municípios têm forte integração econômica com a metrópole, concentrava 24,6% da produção econômica brasileira em 2017. Isso revela a existência de desigualdades regionais, em especial quando se compara com o Semiárido nordestino, que respondia por 5,2% do PIB nacional, e a Amazônia Legal (8,7%).

Isso ocorre mesmo após uma queda de participação de 0,4 ponto percentual no PIB nacional da cidade-região de São Paulo de 2016 a 2017. Ao mesmo tempo, a Amazônia Legal e o Semiárido ganharam participação de 0,1 p.p. cada uma.

“O Semiárido é uma região bastante complexa no país, com uma problematização bastante específica, que pede atenção constante. Assim como a Amazônia Legal. Então são duas regiões que precisam ser sempre destacadas. E um contraponto que a gente fez foi esse com a metrópole paulista, que é uma região que se destaca em quase todos os itens, até na agropecuária”, afirma Marcelo Delizio.




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