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Artigos • 01 set, 2018

Bolsonaro, a Globo e a hipocrisia


Entre amigos, costumo dizer que trocar Willian Waack por Renata Lo Prete é como trocar uma Ferrari vermelha por uma Brasília amarela…o assunto está morto e não vem ao caso, serve-me apenas para demonstrar que o episódio do afastamento do âncora foi também uma demonstração da suprema hipocrisia que infesta a emissora-líder…

Willian Waack foi demitido por usar, fora do ar, gravado que foi nos bastidores, uma expressão dita racista, como se a emissora fosse um território sacrossanto e abençoado por Deus! não, não é!

Volta e meia ela espanta seus milhões de espectadores com a revelação de práticas nada corretas e que fazem do caso WW apenas uma grande injustiça. Não faz muito tempo, o ator global Zé de Abreu aplicou cusparadas no rosto de frequentadores de um restaurante em São Paulo, mas ao invés de ser advertido – ou demitido – ganhou um enorme espaço no programa dominical do Fausto Silva para falar de suas desavenças públicas por ser militante fanático do PT (quem está em rede na internet sabe que o ator é de aprontar muitos outros barbarismos em público!).

BOLSONARO, O INTRÉPIDO

Foi tudo muito rápido, mas certamente não passou desabercebido aos telespectadores outra grande hipocrisia global, esta revelada pelo candidato Jair Messias Bolsonaro na entrevista concedida a William Bonner e Renata Vasconcellos na terça-feira, 28-08, no Jornal Nacional.

Tangido a explicar seus vencimentos no Parlamento, que incluem auxílio moradia, Bolsonaro fuzilou com sua esperteza desafiadora e arrogante: “E o PJ que vocês recebem, é legal por acaso?”

Para quem não sabe, PJ é a sigla de Pessoa Jurídica, um expediente ilegal que as empresas de modo geral utilizam pra driblar a CLT e escapar do custo exacerbado da folha de pagamento. Para reduzir o custo dos empregados, as empresas pagam grande parte do salário por Nota Fiscal.

Eu mesmo já fui vítima do PJ. Trabalhei um ano para a TV Cultura, um empreendimento do governo estadual de São Paulo, recebendo por nota fiscal.

Fui registrado em carteira durante todo o período (seis anos) em que trabalhei na Gazeta Mercantil, mas quando o deletério Nelson Tanure (amigo do Zé Dirceu) assumiu a empresa, todos os funcionários foram obrigados a pedir demissão como condição para continuar a receber salários.

Em sua primeira aparição frente aos funcionários da Gazeta Mercantil, perguntado quais seriam seus planos para a empresa, Nelson Tanure foi claro:

– Ainda não sei dizer o que vou fazer…posso dizer apenas o que eu NÂO vou fazer…Eu não trabalho com CLT, todos os pagamentos serão por nota fiscal…

SOBE UMA PONTA DA CORTINA

Um tanto insólito, o gesto do candidato Jair Messias Bolsonaro levantou a cortina que sempre encobriu um desses escândalos que afetam as leis e a Justiça Trabalhista: o Brasil é o País com os encargos trabalhistas mais elevados em um grupo de 25 nações analisadas pela rede mundial de auditoria e contabilidade UHY, mas quando se fala em reformar a legislação, as centrais sindicais são as primeiras a reagir com virulência.

Mesmo quando a mídia impressa era forte e destemida, nunca se voltou contra a perniciosa oneração do emprego formal. Jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão nunca clamaram por reforma, por modernização da legislação trabalhista.

Agora, tornaram-se públicas as razões….Bolsonaro levantou uma ponta da cortina…Quem vai escancará-la?

POR DIRCEU PIO

FONTE – BLOG DO ZÉ BETO

 

 

 




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