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Campo Grande • 30 jul, 2020

Campo Grande tem a 2ª maior taxa de contágio entre capitais


O aumento de casos de Covid-19 em Campo Grande fez o município se tornar a segunda capital com a maior taxa de transmissibilidade do País.

A cidade tem hoje índice que varia de 1,2 a 1,4 de reprodução da doença. Isso significa que cada contaminado passará o vírus para, pelo menos, mais outra pessoa.

A capital com a maior taxa do Brasil é Porto Alegre, onde o índice varia de 1,5 a 1,6.

Conforme os matemáticos da área de Saúde, uma taxa de transmissão de 1,5 pode fazer com que o vírus chegue a até 60% da população.

O recomendado por cientistas para que haja a redução do número de casos da doença é um índice menor do que 1.

Farol

Os dados são da plataforma Farol Covid, feita por pesquisadores da Saúde e cientistas. A plataforma compila os números de todos os municípios brasileiros com base nos boletins emitidos por eles.

Segundo o site, o objetivo é dar uma ferramenta ao gestor, para que ele possa “acompanhar os impactos de suas políticas de resposta ao coronavírus e ganhar mais embasamento para calibrar suas decisões e comunicar a população de forma mais fundamentada e eficiente”.

Para o médico infectologista, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Julio Croda, essa taxa alta é reflexo do baixo isolamento social da cidade, que gira em torno de 37% durante a semana.

“Veja que [a taxa de contágio] do Estado é menor que [a de] Campo Grande. Têm outras cidades que estão com taxa menor também, como Dourados e Três Lagoas. Aqui é o epicentro agora”, afirmou o médico, que também comparou a transmissibilidade da Capital com a de Mato Grosso do Sul, que varia de 1,2 a 1,3. Já Dourados, que foi o município com o maior número de casos do Estado, tem hoje de 0,9 a 1,1 de taxa de reprodução e já saiu da fase mais crítica da doença.

Além de Campo Grande, Belo Horizonte (MG) também está em segundo, com a mesma taxa de transmissibilidade da capital de Mato Grosso do Sul.

O número é maior que o de Cuiabá (MT), que chegou ao colapso no sistema de saúde este mês e precisou encaminhar pacientes da rede privada para o estado vizinho.

“Aqui está muito alta [a taxa] e o sistema de saúde vai colapsar. Tem de ter o lockdown para preservar os leitos de UTI [unidade de terapia intensiva], senão vai ser um caos”, avalia o médico.

Dados do governo do Estado indicam que Campo Grande tinha ontem taxa de ocupação global de leitos de UTI de 86%, levando em conta unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede particular. Já em relação às vagas do setor apenas para casos da Covid-19, a ocupação era de 82%.

Ainda conforme o Farol Covid, a Capital vive uma estabilidade em relação à taxa de transmissibilidade da doença.

Segundo Croda, isso mostra que a velocidade de crescimento de casos do novo coronavírus na cidade seguirá em expansão. “Essa taxa está fixa há muito tempo, ou seja, a velocidade de crescimento segue constante”.

Contaminação

Segundo o secretário estadual de Saúde, Geraldo Resende, apenas uma melhor taxa de isolamento social na Capital fará com que essa reprodução do vírus seja reduzida.

“O mais importante é quebrar cadeia de contaminação, que está muito visível em Campo Grande quando é anunciado que quase 50% dos casos diários é da Capital. No drive-thru, de 20% a 30% dos casos são positivos. Isso mostra um alto grau de contaminação. É preciso a gente alertar que só vamos cessar isso com medidas que levem a uma melhor taxa de isolamento. Isso vai nos ajudar em vários aspectos. Reduzir essa transmissão e reduzir acidentes de trânsito, porque muitos leitos de UTI são ocupados por traumas”, declarou Resende.

O secretário também alerta que os municípios devem melhorar a forma de monitoramento dos doentes, de maneira a conter o avanço da Covid-19.

“A gente vê que há falhas muito fortes nas tarefas dos municípios, que são o monitoramento de casos positivos e o rastreamento de seus contatos. Mesmo as pessoas com diagnóstico positivo de Covid-19, se não monitorar, elas vão sair e contaminar outras pessoas. Não adianta abrir leitos se não acontecer a quebra da cadeia de transmissão, isso pode ser feito com testagem, monitoramento de casos e rastreamento de contatos. A atenção básica tem de funcionar”, completou.

Daiany Albuquerde – Correio do Estado




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