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Artigos, Crônicas • 11 fev, 2018

PRECISAMOS APRENDER A GUARDAR AS PESSOAS


 

 

 

HUDSON JOSÉ

Precisamos aprender a guardar pessoas.
Guardá-las sem maquiagem.
Guardá-las sem as brigas da rotina. Sem as invejas que o consumo gera.
Sem as palavras rudes que, às vezes, os sentimentos mais agudos forjam no nosso pensamento e que pronunciamos quase sem querer.
Guardá-las a pé ou, no máximo, de bicicleta.
Sem direção hidráulica, nem ar-condicionado, air-bag ou roda de liga leve.
Guardá-las de pijama. Na cozinha bagunçada e não na festa de final de ano com a roupa do shopping e a taça de champagne na mão.
Guardá-las sozinhas. Individualmente. Cada uma dentro de um micro-coração que carregamos e que pode ser acionado em caso de emergência.
Guardar sem misturar. Cada textura diferente em um lugar diferente.
Se é meio azedo, no coraçãozinho temperado.
Se é doce, no coraçãozinho caixinha de bombom.
Mas também não precisa guardar com rótulo, nem etiqueta.
Basta saber guardar como são de verdade e com o melhor que existe para ser guardado: sorrisos, cheiros, beijos, abraços, carinhos.
Quando se guarda, não se perde.
Precisamos guardar quem amamos para olhar sempre.
Mas é um olhar diferente, que enxerga tudo só dando uma espiadinha n’Alma. Guardar iluminando para ser iluminado porque daí ninguém vai embora. Nem a gente.
*Texto escrito para Ruth Bolognese quando da partida de Pedro Franco Cruz, em 20 de janeiro de 2009



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