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Artigos • 24 jan, 2018

A nobreza do servir


Por Jair Donato
Uma das dimensões mais nobres que o ser humano pode vivenciar está na nobreza do ato de servir. Talvez, por essa ser uma ação constituída de tamanha simplicidade, muitas pessoas se embrenham em extensos níveis de complexidades que passam a vida sem ter a percepção do que seja tornar-se útil verdadeiramente ao outro.Servir é mais que um estilo de liderança, é a expressão da existência humana. Seja no trabalho profissional, numa atividade doméstica, nos relacionamentos ou ao oferecer um copo com água a alguém, servir está além da forma, é a maneira com que se desempenha uma atividade.
Há inclusive quem considera como se fosse posição inferior quem se ocupa de atividades em que tenha que servir às pessoas. Desde um cafezinho, conceder informações em local público e demais atividades do gênero, sendo remunerado ou não, tudo está favorável ao ato de servir. Os grandes homens nem sempre são os que estão ligados ao poder formal ou hierárquico. Por vezes são aqueles que apenas pelo poder pessoal desenvolvem a nobreza em servir. O humanista francês Michel de Montaigne elucidou a mais de meio milênio que a mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas.
Você deve conhecer aquela pessoa que fica feliz ao receber uma visita, e faz isso com maestria pelo prazer de ver a outra pessoa feliz, e não pelo status ou almejando interesse próprio. É admirável quem naturalmente ao se servir de lanche, por exemplo, antes se certifica ou mesmo compartilha o que está consigo com os demais em volta de si. E faz isso de maneira espontânea, não apenas por educação. É como aquela mãe que sempre serve por puro amor,e de fato se importa com o outro. O indivíduo cujo egoísmo, o que não é nada singelo, está no lugar da ação servidora, é capaz de se sentar numa poltrona ou escolher a melhor iguaria, sozinho, sem ao menos oferecer ou se importar com quem estiver próximo a ele.
Servir é uma habilidade intrínseca à maturidade de cada um, e dela surge o sentimento de unidade. Pessoas que não servem se aproximam da fase do comportamento infantil em que a criança ainda não descobriu a necessidade de compartilhar com o outro. Ela age pensando em si como se o mundo e todos os pertences fossem apenas dela e para ela. O incongruente é ver adultos que agem transitando por essa fase, na pura face do egoísmo e da vaidade.
No filme ‘Poder Além da Vida’ há uma cena em que o protagonista,um ginasta vivido pelo ator Scott Mechlowicz, questiona o fato do mentor dele trabalhar num posto de combustíveis, como se fosse uma função qualquer. Ao que o mentor respondeu a ele que não há propósito maior do que prestar serviços, isto é, servir aos outros.
Vivemos na era da prestação de serviços. Prestar serviços é bem mais valioso do que apenas uma transação comercial. O tratamento dispensado ao atender uma pessoa, seja o paciente na área da saúde, um cliente no comércio ou a um indivíduo ao dar-lhe uma orientação na rua, deve ser algo praticado com dedicação. E por mais que um bom atendente seja bem remunerado, a gentileza, a disposição e o apoio oferecidos por ele valem mais do que o ganho financeiro obtido.
Quanto mais humildade, respeito, carisma, confiança e prazer houver na prestação de serviços, mais aumenta a capacidade de servir. Para quem ainda não cultiva este hábito, saiba que esta é uma habilidade que pode ser desenvolvida. E você pode desenvolvê-la sem precisar ir longe, pode começar em casa. Servir bem e com amor aos que convivem ao seu redor, principalmente na família ou no local de trabalho é mais valioso do que se dedicar só na comunidade ou na rua para estranhos, e até mesmo para os clientes que lhe pagam por isso. Se há quem prefere servir desconhecidos enquanto destrata quem estiver próximo a si, apenas vive a farsa do servir, resulta em falsidade. Se você leu este artigo até aqui, foi um prazer em servi-lo. Sinto-me grato por isso!



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