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Artigos • 01 maio, 2021

A mudança climática é a nova bomba atômica


A proposta de se celebrar um tratado internacional de não proliferação da extração e uso de combustíveis fósseis, e do rápido banimento do seu uso, lançada há poucos anos e já apoiada por centenas de cientistas e acadêmicos, foi reforçada, nesta quarta-feira (21), véspera do dia da Terra e da Cúpula do Clima, por 101 ganhadores do prêmio Nobel, inclusive o Dalai Lama. Defendem, simplesmente, que os combustíveis fósseis devem ser deixados no subsolo, interrompendo sua extração o quanto antes. Afinal, as mudanças climáticas ameaçam a vida de milhões de pessoas e milhares de espécies; só a poluição do ar mata mais de oito milhões de humanos a cada ano!

No Brasil, onde a descoberta do pré-sal criou a ilusão de que tal petróleo traria riqueza aos brasileiros, a ideia soa despropositada. Mas, ao lembrarmos que os minérios de Carajás trouxeram ilusão semelhante mas não concretizada após décadas de exploração, a ideia deixa de parecer estapafúrdia.

Há que mudar o rumo.

O deflagrar da pandemia desorganizou a economia. A súbita interrupção da extração daqueles fósseis traria desorganização talvez ainda maior, assim como a paralização do fornecimento de energia desestabiliza nossas rotinas. Porém, a continuidade da sua extração e queima trará, crescentemente, destruição das condições de vida, secas e enchentes extremas, migrações volumosas rumo a cidades despreparadas para receber os migrantes, alagamento de Copacabana, Manhattan, Bangladesh e outros pontos de concentração populacional. Deixar aqueles fósseis descansar no subsolo é a opção mais barata e mais rápida.

Claro, há que garantir suprimento alternativo de energia, acelerando o mais possível a geração e o uso de fontes limpas. Mas não só isto. É necessário eliminar os subsídios hoje existentes à extração e queima dos fósseis e também alterar nosso estilo de vida. A começar pelo fim do incentivo à emulação dos “ricos e famosos”. De acordo com o Relatório Anual do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 2020, o 1% mais rico do planeta emite cerca de 100 vezes mais gases de efeito estufa que a metade mais pobre da humanidade.

(Por Eduardo Fernandez)

Fonte – Congresso em foco

Eduardo Fernandez Silva. Mestre em Economia, ex-professor da UFMG, da FGV-BSB, da UCB e do IESB. Foi técnico da Fundação João Pinheiro e secretário adjunto do Trabalho e Ação Social e de Assuntos Metropolitanos, em Minas Gerais. Primeiro diretor-geral do Sest-Senat, é autor de diversas publicações e consultor.




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