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Artigos • 21 mar, 2025

A propaganda enganosa que causa dependência


Cláudio Henrique de Castro –

A farmacêutica alemã Grünenthal promoveu seu mais novo opioide,
chamado de tapentadol, como uma opção mais segura, contudo, pessoas ao
redor do mundo ficaram viciadas.

A empresa farmacêutica é famosa por seu papel no escândalo da
talidomida, que seria um remédio para tirar o enjoo das mulheres grávidas, mas
que gerou uma grande geração de filhos com deformidades.

Desta vez a empresa minimizou o risco de dependência do seu opioide
tapentadol para os médicos, à medida que as prescrições aumentaram na
Austrália, nos EUA, em partes da Europa e na América Latina nos últimos
anos, descobriram a trapaça comercial.

A OMS, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA e médicos
independentes alertaram que o tapentadol, como qualquer outro opioide, causa
dependência e tem potencial para dependência, uso indevido e abuso.

A Grünenthal desenvolveu o tapentadol, com a marca Palexia ou
Nucynta, quando as patentes de seu primeiro opioide de sucesso, o tramadol,
que agora é amplamente abusado globalmente, expiraram.

Funcionários da empresa perpetuaram mensagens enganosas sobre o
medicamento. Pelo menos sete ex-funcionários da Grünenthal na Alemanha e
no Reino Unido promoveram o tapentadol como menos provável de causar
dependência.

No entanto, apreensões recentes mostram o potencial de abuso da
droga. Autoridades alfandegárias dos EUA apreenderam mais de 20.000
remessas ilícitas de tapentadol nos últimos 5 anos. Uma investigação da BBC
revelou exportações ilegais de tapentadol alimentando o vício na África
Ocidental.

Lucas Trautman, diretor médico no Mississippi, disse que nos últimos 3
anos seu centro passou de quase não ver pacientes dependentes de
tapentadol para tratar regularmente tais clientes. “Este é um medicamento que
deve ser tratado como um opioide, e os médicos nem sempre comunicam isso
ao paciente”.

Na Austrália, as mortes por overdose de tapentadol não são
contabilizadas separadamente em nível nacional, mas um relatório do Coroners
Court of Victoria observou um aumento de zero para 118 mortes por overdose
em um período de 7 anos que terminou em 2023.

Fonte:https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-
6736(25)00552-5/abstract?dgcid=raven_jbs_etoc_email




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