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Artigos • 16 dez, 2022

A semana do ex-presidente em exercício


(por Renato Terra)

Apontamentos e anotações de Jair Bolsonaro

Num inédito esforço de reportagem mediúnica, essa coluna psicografou as anotações e os pensamentos de Jair Bolsonaro durante seus últimos dias no poder.

9 de dezembro. Até essa Copa do Mundo está contra mim, porra! Semana passada tinha 20 jogos por dia e eu conseguia ocupar minha cabeça. Passei a tarde olhando essas emas aqui. Ô bicho engraçado.

Ainda bem que o 03 vem jogar “War” hoje de noite. Eu adoro porque só ele tem aquele tabuleiro com o mapa-múndi real: tem o território de Ratanabá, Rio das Pedras é um país e Israel é do tamanho da Groenlândia. O menino realmente precisa daquela cabeçona de minicraque pra caber um cérebro tão grande.

10 de dezembro. Hoje acordei inspirado. Preciso escrever alguma coisa pra esse pessoal que tá pegando chuva e comendo churrasco. Comecei a rabiscar um troço assim: “Aqui estou mais um dia. Sob o olhar sanguinário do Alexandre”. Vou mostrar pros meninos.

Tive que ligar pro general Heleno. “Monarca deposto pela Revolução Francesa com sete letras.” Como é que eu vou saber uma merda dessas? Porra, tem rei francês chamado Luís? Luís? E como é que eu vou saber que 16 é sobrenome?

11 de dezembro. Os meninos não gostaram do meu discurso. Mas não disseram o motivo. Fiquei magoado. Quando saí, lá fora tava cheio de gente e eu só consegui dizer “boa noite”. E era de dia. Semana que vem termino meu discurso e foda-se a opinião dos meninos.

Porra, do caralho esse “Nada de Novo no Front” da Netflix. Liguei pro Mario Frias pra perguntar se ainda dá tempo de fazer uma bagaça dessas, mas ele não atendeu. Aliás, nem lembro se é ainda ele que tá lá na Cultura.

12 de dezembro. Segunda-feira, bora trabalhar. Liguei lá pra editora que fez as palavras cruzadas do monarca francês. Fiquei horas explicando que 16 não é sobrenome, que aquilo ali é fraude, porra. Foi muito cansativo. De tarde, sonequinha na rede pra me preparar pro jogo da Argentina amanhã. Chamei o Tarcísio pra ver aqui comigo, mas ele não atendeu.

13 de dezembro. Porra, dia 13 é sempre uma merda. Sabia que a Argentina ia sapecar a Croácia. De tarde me peguei numa dúvida muito importante. O certo é falar “amigo secreto” ou “amigo oculto”? Mandei um zap pro Queiroz. Ele disse que tem um Mondeo 97 em perfeito estado pra vender. Tá parecendo um bom negócio, hein?

14 de dezembro. Acho que vou fazer um decreto colocando cem anos de sigilo nesse amigo secreto. Ou oculto.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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