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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 08 ago, 2024

Aja, presidente!


(por Célio Heitor Guimarães) 

Vem cá, companheiro-presidente. Achegue-se à roda de pinhão. Sirva-se de um sapecado. E pegue um para a Janja. Tem também cozido. É uma iguaria aqui da terra dos pinheirais.

Agora, responda com sinceridade: que vacilo é esse em relação à “reeleição” de Nicolás Maduro? Foi uma farsa e o amigo sabe disso. Maduro é um patifório comprovado. E o amigo também sabe disso. Há 11 anos tortura o povo venezuelano, dominando as Forças Armadas e o Poder Judiciário através de agrados nenhum pouco republicanos, manipulando recursos públicos, inviabilizando candidaturas oposicionistas, calando a imprensa, constrangendo funcionários públicos e aprisionando e matando opositores. É um ditador sanguinário e cruel. Zombou até mesmo de V. Exª. quando mandou-lhe tomar um chazinho de camomila diante da sua preocupação. E afirmou que as eleições brasileiras não são auditadas – repetindo a imbecilidade bolsonarista.

Meu prezado Lula, você já cometeu enorme asneira ao convidar Maduro para a sua posse e dar-lhe tratamento preferencial. Agora, trata-o com mesuras, dizendo que a eleição foi “normal” e pedindo a apresentação das atas. Nunca as receberá. Já foram consumidas, depois de o ditador haver sido declarado reeleito antes do término da votação, sendo empossado no mesmo dia, sem que fosse divulgada nenhuma comprovação de vitória.

Acrescente-se que o Carter Center, o mais importante observador eleitoral independente do pleito na Venezuela – se não o único – concluiu que o processo eleitoral no país não pode ser considerado democrático. Países como os Estados Unidos, Costa Rica, Equador, Peru e Uruguai afirmaram, já no primeiro momento, a existência de fraude e não reconheceram a vitória de Maduro.

O candidato oposicionista Edmundo Gonzáles também se proclamou eleito, com base em boletins eleitorais em posse da oposição. Foi apoiado pela líder oposicionista Maria Corina. O Ministério Público da Venezuela, também controlado pelo chavismo, abriu investigação contra a dupla por provocação de insurreição.

Com sua atitude dúbia, Luiz Inácio, você tem se mostrado mero vassalo de Maduro – como disse o colunista Ricardo Rangel na revista Veja. E isso é péssimo. Para você próprio e para o Brasil.

O PT já se precipitou reconhecendo não só o pleito eleitoral venezuelano como também a vitória de Maduro. Mas o que se poderia esperar de um partido dirigido por Gleisi Hoffmann?

Lula tem amargado queda de popularidade. Nas últimas pesquisas, não conseguiu mais de 33% de aprovação. Os eleitores que lhe deram a vitória em 2022, andam meio decepcionados. Se apoiar Nicolás Maduro contra o povo venezuelano, chancelando a vergonhosa e escancarada fraude eleitoral da Venezuela e ignorando, inclusive, pedido expresso de 30 ex-presidentes da América Latina e da Espanha, estará colocando em risco a eleição de 2026. É uma derrota que se desenha.

Há momentos em que se precisa ser firme e forte, companheiro-presidente. Este é um deles. A questão é “delicada”? É. É “complicada”? É. Mas tem de ser enfrentada. Não há interesse político ou diplomático que supere a falta de democracia e liberdade




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