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Artigos • 23 fev, 2023

Arquibancadas racistas


(por Ruy Castro) – 

E se o juiz paralisasse a partida assim que se ouvisse um insulto contra um jogador?

Vinicius Jr., ex-Flamengo e estrela do Real Madrid, está sendo massacrado nos estádios espanhóis por torcedores racistas dos clubes que ele goleia e derrota. Em setembro, uma horda com a camisa do Atlético de Madrid juntou-se para ofendê-lo. Há semanas, torcedores do dito Atlético inspiraram-se na Ku Klux Klan e encenaram o seu enforcamento, pendurando de uma ponte um boneco alusivo a ele —como que pedindo a sua morte. E, outro dia, ele foi ofendido durante um minuto de silêncio. A cada agressão, Vinicius Jr. responde com gols, dribles e danças.

No grave caso da ponte, a polícia diz ter colhido impressões digitais e amostras de DNA dos ofensores. Resta ver o que fará quando eles forem identificados e presos —se forem. Do governo espanhol, Vinicius Jr. e outros atletas brasileiros e africanos ofendidos pelos nativos já sabem o que esperar: nada. O que diriam os supremacistas espanhóis se soubessem que, na Inglaterra, eles mesmos, assim como os seus jogadores brancos que atuam lá, não são vistos como tão brancos? São “hispânicos”.

Mas o pior silêncio, para mim, é o que vem dos colegas de profissão de Vinicius. Eles não se dão conta de que o insulto atinge a essência do próprio futebol, já que todos os grandes clubes do mundo têm jogadores negros.

Talvez o time do jogador agredido estivesse a pique de marcar um gol e fosse prejudicado pela paralisação. Nesse caso, o juiz marcaria pênalti contra o time agressor. OK, foi só uma ideia.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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