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Artigos • 20 mar, 2022

Belos lances do futebol têm a ver com o desejo que está antes do pensamento


(por Tostão, na FSP) –

O craque, em uma fração de segundo, não pensa, faz; ele sabe, mas não sabe que sabe

… Mas o lance mais bonito da semana foi o do jovem meio-campista Pedri, do Barcelona, na vitória sobre o Galatasaray, quando, sem tocar na bola, driblou um zagueiro, depois outro, deixando os dois no chão, para tocar no canto. O treinador Xavi sorriu. Deve ter se lembrado do companheiro Iniesta.

A ucraniana Clarice Lispector, craque da literatura, era obcecada pelo que havia antes do pensamento, antes da palavra. Ela disse: “Escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra –a entrelinha– morde a isca, alguma coisa se escreveu”.

A improvisação e a execução de belos lances do futebol têm a ver com o desejo que está antes do pensamento. O craque, em uma fração de segundo, não pensa, faz. Freud diria que é um saber inconsciente, pré-consciente. Ele sabe, mas não sabe que sabe.

O mestre, jornalista Armando Nogueira, falava que esses espetaculares lances ocorrem por um reflexo medular, sem passar pelo cérebro, pela consciência. Os atuais neurologistas dizem que é uma inteligência espacial, cinestésica. Os craques, sem pensar, percebem tudo o que está à volta e calculam a velocidade da bola, dos companheiros e dos adversários.

O poeta Fernando Pessoa falaria que muitas coisas não têm explicação, têm existência. O craque é. Continue lendo 




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