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Artigos • 12 out, 2023

Do desânimo ao novo alento


(por Célio Heitor Guimarães) – 

Quando comecei a escrever a coluna da semana passada, tinha duas opções de tema: a primeira, anunciar nova pausa da atividade, desculpando-me junto aos editores e leitores, e a segunda assinalar a passagem do Dia do Idoso, do qual tenho sido porta-voz. Optei pela segunda.

Rubem Alves, do alto de sua sapiência, dizia que, quem escreve para o público, no fundo está escrevendo para si mesmo. Zé Beto tem a mesma opinião. E ambos têm razão. No meu caso, tenho prova pessoal. Comecei a escrever para quinze leitores, o abnegado “Grupo dos 15”, assim batizado pelo meu querido amigo e companheiro Mário Montanha Teixeira Filho. Depois, os quinze viraram nove. Ultimamente, estavam reduzidos a dois ou, no máximo, três. Quer dizer, eu estava (estou?) escrevendo para mim mesmo. E de mim, sinceramente, estou cansado. Já disse tudo o que deveria dizer, não suporto mais a política e os políticos, sejam eles de onde forem. E depois do capitão, cujo nome não deve ser dito, a coisa degenerou de tal modo neste país que não tem mais jeito. É só malquerença, intriga, violência, ódio, muito ódio. Veja-se a malta que hoje compõe o Congresso Nacional; olhe-se os atuais governadores, especialmente o que ora habita o Palácio Iguaçu. Há alguém que se salve, em quem se possa depositar alguma esperança? Nem responder precisa. Então, o que eu estou fazendo aqui? Repetindo-me, ocupando indevidamente o precioso espaço do Zé Beto e do Solda, expondo-me a comentários jocosos e anônimos? Acreditava que bastava. Pelo menos durante algum tempo.

Mas, aí lembrei-me da lição do velho cão, que já lhes contara. Não hão de ver que “exitou”, isto é, alcançou algum sucesso, recuperando, inclusive, alguns do antigo Grupo dos 15. Talvez nem tanto aqui no Zé Beto ou no Solda, mas na minha página do Youtube e no meu endereço digital.

Tanto é que vou reproduzir alguns comentários recebidos, todos suspeitos porque assinados por amigos de longa data.

Do velho cúmplice de ideais Edson Dallagassa, com quem divido, há muito tempo, sonhos irrealizáveis:

Apesar de já conhecer a fábula, ela ganhou um sabor especial pela tua narrativa. Os antigos usavam as fábulas, este gênero literário onde se empresta aos animais o dom da fala, objetivando disseminar ensinamentos de cunho moral para uma população geralmente iletrada que, ao tomar conhecimento da história contada, via-se a pensar sobre os ensinamentos emanados da fala dos animais. Geralmente os autores deixavam ao alvedrio de cada leitor extrair da história a sua própria versão ao ensinamento. Você, ao contrário, deixou clara a lição moral deixada pela estória, quem sabe por não confiar na capacidade dedutiva de alguns dos seus leitores. Afinal o.espectro deles vai de Lula a Bozo de maneira eclética e indistinta.

Do jovem parceiro da temporada tribunalesca e aliado de todas as horas Eurico de Paiva Vidal Jr.:

Sorte nossa, seus amigos, que temos o privilégio de conviver com esse velho cachorro sábio! Só ensinamentos.

E, por fim, do melhor diretor financeiro que o TJ/PR já teve e que, depois de libertado das amarras burocráticas, revelou-se um objetivo analista do cotidiano, o meu estimado Vilmar Farias:

Considero um alento a presente coluna. Senti até um certo entusiasmo pela terceira temporada, os próximos 13 anos. Eu, fã de carteirinha que sou de suas colunas, tenho a maior admiração. Imagino que um texto quando concluído e publicado traz nas entrelinhas a satisfação do autor: emoção e beleza, traduzidas nas palavras que perpetuarão o momento de solidão no ato de criar. O autor sente o tempo passar, no entanto seu pensamento está imune à ação desse mesmo tempo. E isso é simplesmente maravilhoso. 

“Como amigo, e por isso privilegiado, vou me reportar a duas palavras muitas vezes mencionadas por VOCÊ em nossas conversas: 1. perfeccionismo; 2. pensamento. ‘Primeiro, gosto das coisas perfeitamente acabadas nos detalhes inerentes a tudo que me proponho fazer. Assim como tudo que recebo passa pelo meu olhar virginiano. Segundo, se um dia eu nada mais puder fazer que eu não perca a capacidade de PENSAR’. Está aí a fórmula do autor que, por 26 anos, me encantou. Fico na torcida pela terceira temporada. E deixo minha gratidão por ter participado desses momentos.

Resta-me agradecer tais demonstrações de apoio, carinho e afeto, assim como também a Renato Andrade, Rolf Koerner, Ivone e Nordi Gradwski, Sueli Portugal Faria, Josélia Nogueira, Marcus Paes, Priscila Muller Faria, Ricardo Marques, Rose Dallagassa, Ana Cláudia Finger, Leandro Rigon, Gilberto Fontoura, Carmelita Manfroi Silveira, Adriano Paes, Kátia Moraes, Denise Farias, Célia Folda e Ronaldo Rocha.

Vocês são os responsáveis pelo adiamento da minha despedida deste espaço. Vou tentar seguir em frente por mais algum tempo. O velho cão continuará latindo e seja o que Deus quiser.




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