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Artigos • 03 nov, 2020

Farinha do mesmo saco (Rodrigo Constantino)


Rompidos desde a eleição de 2018, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Ciro Gomes selaram as pazes em uma conversa no Instituto Lula esta semana. O gesto pode significar o início de uma reaproximação entre os partidos de extrema esquerda de olho na disputa presidencial de 2022. Quem fez o elo foi o governador do Ceará Camilo Santana, do PT, mas aliado do clã Ferreira Gomes no estado.

O vai e vem dos dois, com trocas de farpas, mostra que irmãos gêmeos também brigam entre si. É uma lembrança útil quando socialistas tentam jogar para o lado ideológico oposto os fascistas, alegando que uns sempre brigaram com os outros. Esquecem que Stalin brigou com Trotsky, e isso não faz de Trotsky um fascista – só para stalinistas. O fato é que todo extremismo totalitário disputa o mesmo perfil de seguidor, ou seja, o fascismo é concorrente do socialismo.

Nossa esquerda radical enxerga fascismo por todo lugar, até nos tucanos de esquerda. Justificam uma união ampla para “defender a democracia” da “ameaça bolsonarista”, como se não fosse essa própria esquerda a maior ameaça de todas. Basta ver o que está acontecendo na Argentina, na Bolívia, e o que já aconteceu na Venezuela, onde o socialismo “deu certo”.

Políticos da extrema esquerda só pensam no poder, e as brigas, assim como as pazes, são por conveniência. Ciro e Lula brigando é autofagia dentro da mesma bolha, ou ninho de cobras, para ser mais exato. Faz mais sentido mesmo, do ponto de vista eleitoral, cada um engolir seu sapo e tentar unir a legião de alienados que ainda acredita no socialismo, ou que quer fazer parte do butim ao estado.

Essa fusão traz mais transparência também, pois Ciro andou tentando se descolar do petismo, mas são tudo farinha do mesmo saco podre. O Partido Comunista Chinês parece ter simpatia por Ciro, enquanto tanto o PT como o PDT são do Foro de SP, o grupo que reúne comunistas no continente. A briga entre ambos, portanto, serve só para simular diferenças inexistentes quando o assunto é essência. O DNA dos dois é autoritário.

Logo após a “paz”, Ciro Gomes foi às redes sociais publicar uma notícia do Sindipetros, reclamando que a Petrobras aprovou pagamento de dividendos aos acionistas mesmo sem lucro (o que é permitido por lei). Ciro pegou uma retroescavadeira verbal e gritou, em letras garrafais: “BANDIDOS! Esta é a corrupção de quem está roubando de braçada!” Na imagem estava o presidente da estatal, Roberto Castello Branco.

Mal fez as “pazes” com Lula e Ciro já quis mostrar serviço. Não ficou indignado com o petrolão, com a quadrilha petista destruindo a estatal, mas chama de roubo o pagamento de dividendos. É o conceito socialista de roubo. Se sou o presidente da estatal, metia um processo no sujeito!

Artigo originalmente publicado pelo ND+”

Fonte – Gazeta do Povo




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