Campo Grande, 18/11/2025 00:07

Blog do Manoel Afonso

Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

Artigos

Artigos • 05 out, 2025

Guerra à gordura


por Carlos Castelo –

Há um pastelão político em Washington que nem Lenny Bruce, nem Mort Sahl, ousariam escrever em um script de stand-up. Reuniram-se os generais. Sim, aqueles homens acostumados a decidir o destino de continentes, a ordenar bombardeios de precisão, a tratar a morte como detalhe logístico. E fizeram isso para quê? Pasmem: apenas para que eles levassem um puxão de orelha de seu Comandante-em-Chefe sobre a cintura abdominal.

Donald Trump, cujo próprio físico evoca menos a Grécia antiga e mais um buffet de churrascaria rodízio, exigiu que seus oficiais mais graduados deixassem de lado o bacon e abraçassem a esteira. Seu secretário de Guerra, ecoando o chefe com a obediência própria dos eunucos da corte, decretou que a barriga agora é alta traição e o pneuzinho um ato de sabotagem contra a nação.

Assim, no coração do império mais armado da História, não se fala em estratégia, mas só em jejum intermitente e dieta dos pontos. O quartel-general, outrora cheio de mapas e planos, agora exibe tabelas de calorias. E os generais, que deveriam chefiar exércitos, encontram-se submetidos a uma tirania muito mais cruel que qualquer inimigo estrangeiro: a do nutricionista nomeado pelo presidente da República.

Não nos enganemos: a guerra contra a obesidade será, como todas os conflitos modernos, uma farsa com orçamentos inflados e nenhum êxito claro. O inimigo é invisível, persistente e alojado nas banhas dos próprios aliados. Um donut aqui, uma porção de batatas fritas ali. Diferente do Vietnã, não há sequer como declarar vitória e sair correndo do front.

O espetáculo, porém, é revelador. A América, que outrora ensinava ao mundo o significado da liberdade, agora obriga seus generais a escolher entre a carreira e a sobremesa. A nação que é modelo de democracia decide impor modelos alimentares. E um presidente que se parece mais com uma estátua de manteiga derretendo sob o sol prega a virtude da magreza com a convicção de um televangelista diante de uma câmera de TV.

Se este é o destino do império, ele certamente não cairá por bombas nucleares, nem por hordas de bárbaros. Tombará, sem dúvida, pela visão ridícula de generais de três estrelas obrigados a marchar em calças legging, enquanto um comandante obeso aponta-lhes o caminho da salvação calórica.

Resumindo a ópera: nos Estados Unidos, um general pode perder a guerra, mas se ganhar peso, perde o emprego.

(Publicado na Fórum)



Deixe seu comentário