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Artigos • 14 mar, 2022

Imprensa usa o horror das imagens de sofrimento na guerra das narrativas


(por Luis Felipe Pondé ) –

A sensibilidade idiota das redes tomou conta do jornalismo profissional

Uma pena que a cobertura da guerra da Ucrânia esteja, em grande parte, entregue à sensibilidade de classe média. Os jornalistas mais choram do que pensam.

É verdade, claro, que há uma violência em curso: um país agredido por outro, muito mais forte. Vidas civis destruídas. Mas o que há para além de “Putin, assassino”?

O Ocidente achou que conflitos importantes não mais aconteceriam —só na periferia desgraçada do mundo—, assim como até 2020 também se acreditou —ao menos os incautos— que pandemias tampouco matariam milhões.

Monumentos com as cores da Ucrânia, cantar “Imagine” numa praça em Budapeste —num país que vive sob um ditador que, aliás, é parte da Otan—, tudo isso é a prova de que a sensibilidade idiota das redes tomou conta do jornalismo profissional.

Guerras nunca levaram em conta o sofrimento civil. A sensibilidade barata das redes sociais faz parecer que profissionais de Estado pensam como a classe média, postando crianças e grávidas sofrendo.

Na verdade, eles usam essa sensibilidade de classe média a favor deles quando ela tem valor estratégico. Usam o horror das imagens de sofrimento humano para onerar o inimigo na guerra das narrativas. A Rússia já perdeu a guerra no Instagram.

Um dos argumentos mais comuns utilizados por Putin é que o Ocidente mente sobre seus bons sentimentos morais. Quando a Otan invadiu o Afeganistão ou o Iraque, não se trouxe à tona a destruição causada a população civil daqueles países porque esta era de interesse dos Estados Unidos.

Quando os americanos patrocinaram massacres nas guerras durante a Guerra Fria, tampouco isso importou.

Mesmo as misérias das ditaduras latino-americanas a serviço dos EUA na Guerra Fria não levaram em conta sentimentos morais. A Coca-Cola boicota ditadores africanos?

No caso das investidas da Otan junto aos países que antes eram da esfera do império russo e depois da União Soviética, o argumento dos russos encontra alguma racionalidade geopolítica.

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