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Artigos • 01 jun, 2023

Lira e centrão mostram que mandam mais do que Lula


(por Hélio Schwartsman, na FSP)

Meu receio é que petista já pense ser um Mandela, embora esteja mais para Itamar

Depois de dar confortável vitória ao governo na votação do arcabouço fiscalArthur Lira e seu centrão mostraram quem de fato manda no país. Impuseram à administração Lula uma série de derrotas, algumas delas particularmente humilhantes. A pauta ambiental, que a esquerda queria transformar em cartão de visita da gestão, foi a maior vítima.

Daí não decorre que o mandato de Lula esteja irremediavelmente perdido. O centrão está fazendo o que sempre fez, que é criar dificuldades para delas extrair benefícios. Funciona. Só na quarta-feira (31) foi liberado R$ 1,7 bilhão em emendas individuais. E Lira e aliados já cobram mudanças em ministérios. O governo se divide entre tentar transformar o STF numa terceira casa do Legislativo, o que seria fonte de desgaste institucional, e aquiescer às demandas do centrão. O mais provável é que ceda.

Uma parte desse movimento é estrutural. Lula venceu porque uma boa fatia dos eleitores centristas preferiu seu nome ao de Bolsonaro. Mas, no Parlamento, foi a direita, não a esquerda, que avançou. E temos hoje um Legislativo muito mais forte do que era 20 anos atrás. Mesmo assim, penso que o governo está sofrendo mais que o necessário, e parte grande da responsabilidade cabe a Lula.

Ele não demonstra a perspicácia política que já teve no passado. Meio que enamorado de si mesmo, Lula investe no sonho de intermediar a paz na Ucrânia (e com isso ganhar um Nobel) e não se envolve no dia a dia da política congressual, onde sua atuação poderia fazer diferença. Mais, ele não se livra de ideias velhas, que já não funcionam no mundo atual. Passar o pano para a ditadura de Maduro foi não apenas desnecessário como nocivo para a imagem do petista, mesmo para um público internacional de esquerda.

Meu receio é que Lula tenha atingido aquele estado em que se crê um Nelson Mandela, embora esteja mais para Itamar Franco, do que dá prova a volta do carro popular.




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