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Artigos • 10 out, 2018

A morte de Albán e o silêncio do PT


morte de Fernando Albán, vereador venezuelano de oposição à ditadura de Nicolás Maduro, oferece ao PT e por extensão a seu candidato presidencial, Fernando Haddad, a última oportunidade para demonstrar que ainda conserva alguma pitada de vergonha e de respeito a elementos essenciais da civilização.

Para quem não acompanhou, breve resumo: Albán foi preso ao chegar de viagem aos Estados Unidos e levado à sede do Sebin (Serviço Bolivariano de Inteligência), mais conhecido como centro de tortura. É o equivalente venezuelano do Doi-Codi no qual foi assassinado, entre outros, o jornalista Vladimir Herzog.

Cito Herzog porque o caso de Albán guarda semelhanças com o do jornalista brasileiro: em ambos os crimes, a versão oficial foi de suicídio. No Brasil, provou-se depois que foi assassinato, como de saída suspeitou boa parte do público.

No caso de Albán, a suspeita é a mesma. Ainda mais que a versão oficial é a de que o vereador jogou-se de uma janela do 10º andar do prédio do Sebin, quando todo o mundo em Caracas sabe que as janelas do centro de torturas ficam sempre bem fechadas.

No mínimo, o PT e Haddad têm a obrigação de fazer como o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU, que exigiu “uma investigação transparente” para esclarecer a morte.

Pedido, aliás, idêntico ao da igreja venezuelana: “Como venezuelanos estamos no direito de reclamar justiça e de que se esclareçam os fatos desta morte que enluta uma família nobre e toda a Venezuela”, diz nota dos bispos.

Mas, se quiser se mostrar de fato decente, o PT e Haddad deveriam, enfim, dissociar-se de um regime ditatorial e fracassado.

Clóvis Rossi

(Folha de São Paulo)

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