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Artigos • 22 out, 2024

Na PGR, a hora e a vez de Bolsonaro


(por Alvaro Costa e Silva, na FSP) –

Até agora o ex-presidente teve o tempo a seu favor, mas a ampulheta acaba de virar

Ao mesmo tempo em que tolera o pacote anti-STF —movimento liderado por bolsonaristas para promover, ao arrepio da Constituição, a desarmonia entre os Poderes—, Arthur Lira tem dito a aliados que vai descascar ainda neste ano o pepino em forma de projeto de lei que concede perdão aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro.

Lira terá de fazer mágica para não atrapalhar a eleição de seu candidato, Hugo Motta, à presidência da Câmara. Como favorecer o PL, que quer a aprovação do texto da anistia, e não enfurecer o governo? À exceção de quem está preso ou foragido, o mais interessado no tema é Bolsonaro. Justamente para evitar a cadeia ou a fuga do país.

O meteoro Marçal bateu forte. O pleito municipal acirrou a disputa pela liderança no campo da direita, com desgaste para o ex-presidente, que se desentendeu com Ratinho Jr. no Paraná, com Ronaldo Caiado em Goiás e com Tarcísio de Freitas em São Paulo. Valdemar Costa Neto chegou a escalar Tarcísio como primeiro da fila para a corrida presidencial. Nada mais natural, pois Bolsonaro está inelegível, embora se comporte como candidato vítima de perseguição.

Uma pesquisa feita em 2023 revelou que 94% dos brasileiros condenavam a insurreição fascista de 8/1. Uma sondagem hoje provavelmente mostraria um número menor. A narrativa das condenações injustas a “jovens mães”, “idosos” e “chefes de família” não se sustenta para a maioria da população, mas o tempo adormeceu a impressão inicial.

A partir de novembro, quando a PF concluir o inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado, o tempo será medido com outra perspectiva. Se a investigação provar de modo consistente que a invasão dos Poderes era uma etapa da engrenagem golpista —isca para instalar uma GLO—, terá chegado a hora de Bolsonaro.

A ampulheta estará nas mãos de Paulo Gonet, o procurador-geral da República, que decidirá se faz ou não a denúncia no STF contra o ex-presidente, envolvendo a famosa minuta, a falsificação de cartões de vacina para entrar nos EUA e a venda de joias para levantar recursos e viver no exterior à espera da concretização do golpe.




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