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Artigos • 12 mar, 2025

Ninguém ensina a envelhecer, e um dia você também vai chegar lá


por Claudio Manoel, na FSP –

Criei um guia introdutório que pode ajudar os que estão chegando ao maior período de suas vidas

Alguns comentários recorrentes (não vou dar nome aos boys, para não virar hábito nem dar palanque para quem não conheço) sobre esta humilde coluna fazem questão de destacar o meu envelhecimento.

Agradeço o toque, mas ficar velho é algo que faço há um bom tempo, já me habituei e pretendo continuar firme e forte nessa caminhada (tomara!) por muito mais tempo ainda.

Aos que não chegaram lá, mas vão chegar (tomara!), um aviso: ninguém ensina ninguém a envelhecer. Muito menos a começar a envelhecer, que é uma coisa parecida com usar peruca: todo mundo nota, só você é que acha que está “disfarçando”.

Não existem preparativos, treinamentos ou tutoriais que apontem os sinais, os sintomas que antecipam o “novo” cotidiano, as “novidades” (com aspas e sem ironia) que a velhice traz.

O certo é que divagando se vai ao lounge e assim resolvi iniciar um projeto, que seria um tipo de guia introdutório, mas nunca um “Manual de Sobrevivência” (seria propaganda enganosa), algo que poderia ajudar os “new old” —aqueles que estão chegando ou chegaram há pouco, mas ainda não perceberam, naquele que será (tomara!) o maior período das suas vidas.

Para começar, começarei com três tópicos: um inevitável, outro a evitar e o terceiro, do qual é difícil escapar, mas você pode não piorar.

Tópico 1: Um dos primeiros sinais de envelhecimento é a progressiva inadequação à “cena musical”. De repente, mesmo você sendo do tipo que arregaça os limites do ecletismo, não aguenta mais e grita: “Essa porr@ não é música!”. Você pode adiar isso ao máximo, bancando o moderninho, chacoalhando com entusiasmo o coitado do esqueleto ou investindo em procedimentos e harmonizações extremas, mas saiba que esse momento é 100% inevitável.

Tópico 2: Outra das principais características do “ato de envelhecer” é a predominância massiva e maçante dos temas: médicos, exames, diagnósticos, fisioterapias e de palavras terminadas em ite, ose, oma, algia ou similares. Um vício incontrolável de falar da saúde, da ausência dela ou de lidar com a falta de assunto com o assunto de sempre.

Tópico 3: Pelos. São inadministráveis. Surgem onde nem imaginávamos (orelhas e narinas, por exemplo), ficam brancos quando e onde não desejávamos, raros ou inexistentes onde não queríamos, e as diversas tentativas de regenerá-los –tinturas, implantes e perucas— beiram o ridículo, o desespero, ou ambos.

Este é um projeto colaborativo e interativo, um “uorquinprogres”, como se diz em nosso atual idioma.

Sugestões de outros tópicos, ou sinais que antecipam ou caracterizam o envelhecimento, são bem-vindas. Inclusive as que me aconselhem a desistir desse tema, porque isso é papo de velho.




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