Campo Grande, 28/03/2024 11:05

Blog do Manoel Afonso

Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

Artigos

Artigos • 13 maio, 2021

O 13 de maio


(por Claudio Henrique de Castro ) – 

Entre 1500 e 1867 os navios negreiros embarcaram na África cerca de 12,5 milhões de cativos. Desse total, 10,5 milhões chegaram vivos à América – estima-se que 1,8 milhão morreram na travessia do Oceano Atlântico.

Ao Brasil vieram 5,8 milhões de escravos.

A abolição da escravatura ainda não é plena no Brasil.

Um estudo no qual foram analisadas 174 telenovelas produzidas entre 1964 e 1997 pela Globo e Tupi revelou que os negros e mulatos sempre foram retratados de forma submissa e preconceituosa, e isso reforçou o imaginário racista e estereotipou o negro brasileiro.

O livro se transformou em filme: “A negação do Brasil – o negro na telenovela brasileira”, do estudioso Joel Zito Araújo.

O estereótipo novelesco reforçou e estabeleceu padrões tidos como naturais, normais e aceitáveis. Nesse sentido , banalizou-se a violência contra as mulheres negras e os assassinatos nas periferias.

A exclusão social em larga escala, somada ao racismo estrutural, gera violência e criminalidade. O resultado é que em 2019, dos quase oitocentos mil encarcerados no Brasil, cerca de 66,7% eram negros.

Os negros também lideravam como vítimas de homicídios: foram 74,4%. A intervenção policial faz 4,2 vítimas a cada 100 mil habitantes negros.

O crime de injúria racial possui elementos referentes à  raça, cor, etnia, religião e tem crescido no Brasil. De 2018 a 2019 cresceu 23,4%.

Um negro é assassinado no Brasil a cada 23 minutos.

As mulheres negras têm 2,2 vezes mais chances de serem mortas do que as branca na escalada de violência que só aumenta no Brasil.

A população negra ganha menos e é a que mais sofre com o desemprego e a que mais é vítima da pandemia.

Pertencer a uma religião afro-brasileira ainda é um desafio. Cerca de 59% dos crimes de intolerância são praticados contra candomblecistas e umbandistas.

O 13 de maio, portanto, é todo o dia. Acabar com o racismo estrutural no Brasil e sua negação hipócrita ainda não é uma política de estado.

Quatro séculos de escravidão não se resolvem num passe de mágica, mas somente com políticas sociais inclusivas e, essencialmente, com educação em larga escala, pública e de alta qualidade. Continue lendo 




Deixe seu comentário