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Artigos • 29 jun, 2025

O professor Ruy Carlos Ostermann


(por Marcos Barrero) – 

O Professor morreu. Fica vivo o melhor jornalista esportivo que conheci. Falava e escrevia com elegância, precisão e requinte literário. Ou seja: domou o idioma e criou um estilo.

Soube de sua existência em minhas incursões no futebol gaúcho como repórter de A Gazeta Esportiva nos anos 1970. Descobri um comentarista de rádio e TV de palavra macia, quase veludo, bela, suave e potente, e já autor de alguns livros, como Paixão pelo futebol, que inflou minha mala na primeira volta de PA a SP. Ruy era, também, um professor de Filosofia e seu tom didático de sala de aula foi parar na mídia gaúcha para explicar o inexplicavel: o futebol.

Na Copa de 1990, organizei debates para a Secretaria de Cultura de SP sob o título de “Outros toques, outros lances”, juntando e misturando jornalistas, escritores e jogadores. O Ruy veio, o Ruy de sempre, Ruy elegante, simpático e modesto. Brilhou ao lado de feras, hoje extintas, que não tiveram réplicas e muito menos tréplicas. Orlando Duarte, Ivan Cavalcanti Proença, Décio de Almeida Prado, Carlos Alberto Torres, João Antônio e Edilberto Coutinho, autor do clássico e premiado Maracanã, adeus. João Saldanha, convidado, não veio. Muito doente, repousava num sítio em Maricá pra aguentar o tranco da cobertura da Copa na Itália. Não aguentou: subiu no avião em cadeira de rodas e desceu num caixão.

Agora, por fim indo o Ruy, estão todos mortos. E eu maltrato minha telinha, por obrigação inarrredável, depondo como última testemunha ocular e participante do evento de 1990.

O Ruy escritor é resultado, quase tudo, do que escreveu para a imprensa. Tenho todos os seus livros. Guardo, mas não li apenas seu único pecado: uma biografia de Felipão. E leio, releio e anoto um de seus últimos livros: Dicionários de contrabandos: confidências diárias além do futebol. Uma obra que, depois de degustada e mastigada, ainda precisa ser saboreada de modo lento como um biscoito fino. Continue lendo 

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