Campo Grande, 06/05/2024 16:02

Blog do Manoel Afonso

Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

Artigos

Artigos • 08 jan, 2024

Oito de Janeiro de 2023


(Cláudio Henrique de Castro) –

Há um ano ligamos a televisão e assistimos aquela bagunça em Brasília.
Tomar o poder com a desculpa de que o país entrara num caos, a eleição foi fajuta e as
urnas eletrônicos não eram confiáveis; tudo um grande festival de mentiras, construído por
quatro anos pelo ex-presidente.

A velha desculpa de tomar o poder para colocar ordem nas coisas e, depois de um
tempo, devolver o poder aos civis. Nessa toada, passamos 21 anos amargando um atraso
histórico, de 1964 a 1985.

Há um ano, uma turba e, muitos treinados, viraram de ponta cabeça a praça dos três
poderes, promovendo um quebra-quebra no Supremo Tribunal Federal, no Congresso
Nacional e no Palácio do Planalto.

A escola dos golpes no Brasil, tem uma longa tradição, seus atores centrais são setores
das forças armadas e os setores empresariais e financistas conservadores, sempre contra às
mudanças sociais que abalam a manutenção da concentração de renda e mantém os abismos
sociais que permeiam o país de ponta-a-ponta.

O populacho golpista, em sua maioria, está sendo processado, julgado e encarcerado.
Contudo, os financiadores, o alto escalão das forças armadas, e os setores
empresariais que articularam tudo aquilo, até agora continuam impunes e lépidos. Talvez
tramando uma anistia, como aquela de 1979 que foi ampla, geral e irrestrita e, totalmente,
inconstitucional.

O golpe contra Dilma, com o impedimento pela criação fantasiosa das pedaladas fiscais
e a prisão ilegal pelo juiz-ministro, do candidato Lula que derrotaria o candidato das forças
armadas em 2018, deram certo.

Foram quatro anos de negacionismo, políticas contra a vacinação em plena pandemia,
terra plana, privatizações lesa-pátria, e tudo que a desmemória deve enterrar. Grande parte de
políticos apoiadores de tudo aquilo, ainda estão no poder, disfarçam, desconversam, mas
torciam pelo sucesso do golpe.

Se tudo aquilo tivesse dado certo?
Possivelmente a imprensa seria amordaçada, os partidos políticos seriam extintos,
haveria cassações, prisões e condenações sumárias, repressão militar da população não
aderente ao golpe, revogação rápida e certeira da Constituição e das leis fundamentais, a
nomeação de novos ministros do supremo tribunal federal e totalmente submisso ao poder,
haveria a revogação do habeas corpus e a repetição renovada da ditadura militar na destruição
das garantias e dos direitos.

Como ensinar direito numa ditadura e num regime autoritário? Teríamos que
consultar os operadores jurídicos que cercam esses setores autocráticos e lhes indagar.
Certamente a resposta seria a de que a realidade não pode ser questionada, apenas aceita,
sem analisar a justiça das coisas. Aquela posição pseudocientífica do direito, sem se importar
com a realidade.

Um ano depois, a carruagem passou e os cães pararam de latir, mas se não foram
processados e julgados, eles voltam à carga.




Deixe seu comentário