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Artigos • 11 out, 2022

Os remédios e os consumidores


( por Cláudio Henrique de Castro ) –

O consumidor paciente recebe uma receita médica que totaliza, por exemplo,
quatorze comprimidos, mas nas farmácias a embalagem tem 10 ou 20 unidades.

Resultado: o paciente comprará seis comprimidos a mais do necessário, e que
provavelmente serão descartados de forma irregular, poluindo o meio ambiente e os lençóis
freáticos. Recentes pesquisas nas águas demonstram essa contaminação.

Na verdade, os remédios deveriam ser vendidos na medida exata do receituário
médico, e essa questão pode ser resolvida pela indústria química, a classe médica e a Anvisa.

Outro aspecto é o descarte: as farmácias devem possuir caixas de descarte bem
visíveis e promoverem campanhas de devolução, isso praticamente não acontece.

O hábito da automedicação advém também da guarda de medicamentos, que muitas
vezes podem estar vencidos e não resolvem o problema do paciente, embora tenham servido
no passado, em outras situações.

Os preços sem controle e a ausência de fiscalização são outro gargalo.
O Procon de São Paulo em pesquisa de preços de medicamentos encontrou a maior
diferença em 43,49% no medicamento Citalor (atorvastatina cálcica), de R$129,99 para
R$90,59, uma variação sem uma explicação comercial convincente.

Por outro lado, os preços máximos são disponibilizados pela ANVISA para consulta aos
consumidores, mas nada justifica a variação de preços entre as grandes fornecedoras de
medicamentos no Brasil.

A inflação dos remédios em julho deste ano, dos últimos doze meses, foi de 13,81%,
sempre acima da inflação e, com isso, os consumidores deixaram de comprar remédios
contínuos essenciais.

Nos dermatológicos o aumento foi de 17,21%, nos antigripais e atitussígenos (17,06%),
analgésicos e antitérmicos (16,06%), antibióticos (14,82%), medicamentos para o estômago
(14,78%) e antialérgicos e broncodilatadores (14,45%) mais caros.

O mercado brasileiro é assim; as embalagens contêm produtos além ou aquém do
necessário das receitas médicas, o que obriga os pacientes a pagarem por aquilo que não irão
consumidor; e o império do descontrole de preços que cria uma ciranda inflacionária nos
estoques das redes farmacêuticas.




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