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Artigos • 22 nov, 2024

Quem iria se dar bem com o golpe?


(Cláudio Henrique de Castro)

Na malta que articulou o golpe estavam: um padre, um argentino, o neto de um
ditador e até agora na conta, 19 militares ao lado do Messias

Num futuro próximo a trama merece um filme documental. Quem seriam os
atores globais a interpretar esses papéis? Difícil adivinhar.

Os então ministros e seus assessores estavam a redigir e revisar a minuta do
golpe, um padre fez parte do núcleo jurídico, embora, o papelucho não tinha, sequer
uma linha de direito canônico. Ele apenas serviria para abençoar os novos heróis
nacionais.

Com o discurso de conter a crise, iriam suspender o estado constitucional.
Seria preciso construir uma nova ordem legal, com força ao ditador e seus
cúmplices, – a mesma história da carochinha que, tristemente, o país vivenciou por
diversas vezes.

A quem interessaria o golpe?
Certamente às economias concorrentes do Brasil, no comércio internacional,
aos acólitos dos partidos da base política do ditador; aos antivacinas; à terra plana; à
vendinha de joias da Arábia Saudita; aos futuros compradores da Petrobrás, do Banco
do Brasil, da Caixa Econômica Federal, e de tantas outras estatais, que ainda
sobraram.

Mais vinte cinco anos de escuridão, torturas, exceções processuais penais e
toda sorte de transgressões à Constituição, que seria rasgada no mesmo dia.
Novas leis, emendas constitucionais, o bacharelismo de sempre sustentando a
legalidade do ilegal, a resistência possível, o exílio de alguns, e tudo que as elites do
atraso adoram: o poder sem limites para a extração as riquezas do país, a seu bel
prazer.

O retorno do beija-mão aos políticos biônicos, os que não passam pelas urnas.
Com uma vantagem: o ditador teria sucessores diretos, seus filhos e toda
aquela parentela que já está acostumada com os corredores do poder.
Voltariam os mesmos setores que engordaram com a ditadura de 1964, os
filhotes da ditadura, voltariam à cena, empresários, financistas, classe média
conservadora e o principal, os que defendem a pena de morte como solução para tudo
e todos.

Campos de concentração seriam construídos novamente, como aqueles do
Dops e tantos outros aparelhos repressivos que foram elogiados pelo então candidato.
O destaque vai para o argentino, marqueteiro do presidente vizinho, gosta de
ouvir tangos, enquanto supostamente fabrica notícias falsas para disseminá-las para
população portenha, isso segundo a resistência democrática argentina.
Agora, reina o silêncio dos apoiadores, com a velha frase da política:
passarinho na muda, não pia.

O pulso do golpe, ainda pulsa, é necessário agir com a celeridade processual
que as leis permitem e a sociedade exige.
E o principal, fazer uma profunda reforma nas forças armadas, a começar pela
inelegibilidade.

Por pouco, a catástrofe não ocorreu, por una cabeza, cantaria Gardel.




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