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Artigos • 01 ago, 2022

Sete anos de prisão por doze punhaladas no coração


(por Lygia Maria)

Assassinato de Daniella Perez expõe sensação de impunidade da legislação brasileira

A violência do crime impressiona: 18 facadas pelo corpo da jovem, sendo 12 no coração. Porém a Justiça brasileira continua apunhalando o coração de Daniella, da mãe dela, a escritora Glória Perez, e dos familiares. Isso porque os assassinos condenados a 19 anos de prisão foram soltos após cumprirem menos de 7 anos da pena. Efeito da progressão de regime, que faz com que condenados no Brasil cumpram apenas parte da sentença na cadeia. Resultado: sensação de impunidade e indignação popular.

Fiquei a pensar, então, qual seria uma punição justa para esse tipo de crime. Sou contra a pena de morte: é imoral que se autorize o Estado a matar um indivíduo indefeso. Sem contar, claro, a possibilidade de assassinar um inocente: segundo pesquisa nos EUA, dos 7.842 presos no corredor da morte entre 1973 e 2004, 107 conseguiram provar inocência antes da execução. E os que não conseguiram? Para tornar a pena de morte moralmente inaceitável, basta um.

Concluí, então, que o ideal seria ver alguém que apunhala 12 vezes o coração de uma jovem passar 30 anos na cadeia. É pedir muito? Para o Congresso Nacional, é. Lá, eles estão mais interessados em aumentar os próprios salários do que as penas para crimes bárbaros que afetam todos os estratos sociais. Afinal, Glória Perez não é a única mãe brasileira a sentir a dor de ver um filho assassinado e os assassinos livres.

*Publicado na Folha de S.Paulo




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