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Opinião e atitude no Mato Grosso do Sul

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Artigos • 29 ago, 2021

VACA PAPEL, UM CONTRATO FATAL


Aparentemente, uma simples transação mercantil realizada
entre dois ou mais produtores rurais, onde o detentor das ditas
vacas, arrenda ao interessado, uma determinada quantidade de
animais, estipulando a renda em bezerros que deve ser honrada
anualmente. Importante frisar que, em operações dessa nature-
za, o documento usual é a Cédula Rural Pignoratícia.

O ardil utilizado para atrair os incautos devedores, geralmente
pequenos criadores de vacas leiteiras, proprietários de 30 a 50
cabeças de gado, em uma propriedade em média de 50 hectares
onde o trabalhador rural tira o sustento para sua família. A enge-
nuidade é marcante nas pessoas que sobrevivem nesse ambiente
sem muitas perpectivas de vida futura, e, por isso mesmo, preza
fácil para pessoas de má índole.

É comum depararmos no dia a dia, com homens com idades
acima de 65 anos de idade, usando chapéus típicos de trabalha-
dores rurais, empurrando carrinhos de picolés, sorvetes ou cai-
xas térmicas com salgados ou refrescos onde ganham pequenas
comissões pelas vendas desses produtos, e com isso, adequirem
o mínimo de alimentos para o sustento de suas famílias, quase
sempre, morando em favelas das periferias.

O pretenso benfeitor sabendo da situação financeira desse pe-
queno trabalhador, oferece-lhe empréstimos que vão de 2 mil a
5 mil reais, para pagamento a longo prazo, e aliviar sua situação,
bastando para isso, assinar um contrato só para comprovar a
saída do seu caixa. O incauto trabalhador acaba de assinar sua
sentença de pobreza e miséria, pois, nesse ardiloso contrato,
tanto sua pequena propriedade, como sua criação já estão com-

prometidas, sem nenhum pudor, sem piedade ou senso de
humanidade.

São impiedosos agiotas, que sem qualquer remorso, utilizando
de seus advogados, procuram a justiça para executar a cobrança
da dívida, e, muito embora o objeto do contrato seja “vacas”, o
que o devedor recebeu, foi tão somente o pequeno empréstimo
que julgava ser uma generosidade, estava literalmente jogando-o
a uma situação de miséria absoluta. Sem saber o que fazer da
vida, entrega-se a bebidas, deixando sua família ao abandono,
uma questão social irreversível.

O usurpador além de se apropriar dos bens dos incautos, ainda
por cima, sonega os impostos devidos, caso essas operações
fossem éticas e justas. Trata-se de uma situação que merece ser
investigada pela Assembleia Legislativa, pelo Ministério Público,
e até mesmo pela Policia Federal, eis que existe a suspeição de
sonegação de impostos, além de enriquecimento ilícito.

BENEDITO RODRIGUES DA COSTA
Economista




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