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Cultura • 18 ago, 2024

Alain Delon, adeus


(por Inácio Araújo, na FSP) –

Morre Alain Delon, um dos maiores astros do cinema francês, aos 88 anos

Ator de filmes de Jean-Pierre Melville e Visconti foi um dos mais brilhantes de sua geração e teve conexões com o crime

Morreu neste domingo o ator Alain Delon, um dos maiores do cinema francês, aos 88 anos. A morte foi confirmada pela família do artista à agência AFP. Ele morreu em sua casa em Douchy-Montcorbon, na França, mas a causa da morte não foi divulgada.

Delon sofreu um AVC em 2019, poucas semanas depois de receber uma Palma de Ouro honorária em no Festival de Cannes, e, desde então, enfrentava problemas de saúde.

Em março do ano passado, o ator, que definiu sua vida como “bela”, reivindicou o direito a uma morte assistida —ou seja, induzida. Queria evitar o sofrimento dos hospitais, da dor, dos remédios que apenas encompridam a vida. Seu filho Anthony, do casamento com a atriz Nathalie Delon (que durou entre 1964 e 1969) seria o responsável por assisti-lo.

Ele foi um dos atores mais famosos do mundo, é certo. Mas podia ter sido diferente. Na vida de Alain Delon o que não falta são acasos.

Não falemos das atribulações do menino nascido em Sceaux, em 1935, cujos pais se separaram quando tinha quatro anos. Nem da expulsão de seis colégios que frequentou. Nem de sua passagem pela Marinha francesa, onde fez o serviço militar na antiga Indochina, e de onde foi expulso depois de roubar um jipe, dirigi-lo em alta velocidade e acabar com o carro tombado num córrego.

Estávamos em 1953, ainda não era famoso, longe disso, mas já era conhecido pela insubmissão. Depois, ele vive em Roma por um tempo, quando é detectado por David O. Selznick, o produtor de “E o Vento Levou”, entre outros, e convidado para ir a Hollywood, com um contrato de sete anos.

A condição era aprender a falar inglês. De volta a Paris, bem que ele começa seu aprendizado da língua, ao mesmo tempo em que vive de pequenos trabalhos, como o de garçom de bar, o que o acaba aproximando do mundo do crime —em particular da chamada gangue dos Trois Canards, nome do cabaré em Pigalle, bairro de Paris, onde costumavam se reunir.

Essa ligação marcará Delon para sempre como um associado do mundo do crime, já que da gangue fazia parte Jackie Imbert, morto em 2019, considerado um dos chefões do submundo de Marselha.

Mas haverá outra vida, em que o jovem Delon acaba sendo lançado no cinema graças à atriz Michèle Cordue, casada com o cineasta Yves Allegret, que convence o marido a dar um papel ao jovem, de quem ela era amante.

Assim, em 1957 ele acaba sendo lançado em “Uma Tal Condessa”. Mas Cordue durará pouco. Em 1958, conhece Romy Schneider, com quem manterá um romance até 1964 e a quem reencontrará em 1969 para filmar “A Piscina”.

O estrelato chegaria algum tempo depois, com “O Sol por Testemunha” (1960), famosa adaptação de “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, dirigida por René Clement. No mesmo ano faz o papel central de “Rocco e Seus Irmãos”, de Luchino Visconti, que ganha o prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza.

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