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Política • 17 mar, 2021

Mães de Anjos’ apoiam projeto de Marçal sobre direitos na perda gestacional


Projeto de Lei do deputado estadual Marçal Filho (PSDB) que obriga as unidades de saúde da rede pública de Mato Grosso do Sul a preservar a saúde física e psicológica das mulheres que sofrem perda gestacional, ganhou apoio das ‘mães de anjos’. Apresentado na Assembleia Legislativa na semana passada, a proposta ainda passará por comissões antes de ser votada em plenário pelos demais deputados.

Cientista social Debora durante reunião com o deputado Marçal Filho

A chegada de um filho é um dos momentos mais esperados por muitas mulheres, e perdê-lo pode ser a dor mais terrível na vida de uma mãe. Pensando em transformar a dor dessa perda, o deputado propôs que o Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado garanta às mães de anjos uma série de direitos, como o de ser informada sobre o procedimento médico a ser adotado; não ser submetida a nenhum procedimento sem que haja necessidade clínica fundamentada em evidência científica; não ser submetida a nenhum procedimento ou exame sem que haja o livre e expresso consentimento; não ser constrangida a permanecer em silêncio ou impedida de expressar as emoções e sensações; escolher manter contato pele a pele imediatamente após o nascimento, em caso de natimorto, desde que preservada a saúde da mulher.

Esta semana, Marçal teve encontro com a cientista social Debora Korine Regonato, idealizadora do projeto “Entre laços – mãe de anjos”. Em 2019 ela já tinha duas filhas e passou pelo dilema de perder um bebê. Diagnosticada com trombofilia, fez tratamento, engravidou e veio mais um filho. “Não foi nada fácil, na época quando tive a perda fui acolhida em um grupo de WhatsApp nacional. As mães com as quais tive contato eram bem jovens, muitas adolescentes e com pouca experiência de vida. E se para mim foi difícil enfrentar a dor, imagina para elas. A partir daí idealizei um projeto para Dourados”, explica a cientista social.

Com o apoio das psicólogas Daiane Daleaste, Nicolle Maccari e Stefanny Silva, o grupo “Entre laços – mãe de anjos” se consolidou em Dourados e passou a receber mães que sofreram perdas gestacional ou neonatal de várias partes do Brasil. Com a pandemia, os encontros estão sendo realizados por videoconferência, com roda de conversa.

“Embora carregamos tamanha dor, passamos a entender que após a perda renascemos todos os dias, sendo necessário reaprender a viver um dia de cada vez, pois cada dia vivido é uma luta e uma vitória”, descreve Debora.

Além dos encontros com apoio necessário às mães, o grupo quer ampliar um dos projetos mantidos, o ‘Caixinha de amor eterno’, que consiste em entregar para as mães, ainda no hospital, uma lembrança com sapatinho, certificado de amor e certificado de pé do bebê. Tudo vai dentro de uma caixinha. Outra proposta é o de garantir exames e tratamento de trombofilia a gestante pelo SUS, além de incluir o nome do bebê natimorto na certidão.

Coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Mulher na Assembleia Legislativa, Marçal Filho agradeceu o apoio ao Projeto de Lei. Para ele, diante de uma perda gestacional é importante identificar a causa, não só para esclarecimento dos pais, mas também para o planejamento de uma futura gestação. Isso permite um melhor suporte psicológico e assistência pré-natal adequada e especializada obtendo melhores resultados.

O projeto, que tramita na Assembleia Legislativa, ainda garante para as mães que tiveram perda gestacional, o direito de permanecer no pré-parto e no pós-parto imediato, em enfermaria separada das demais pacientes que não sofreram perda gestacional; ser respeitado o tempo para o luto da mãe e seu acompanhante, bem como para a despedida do bebê; e ser acompanhada clinicamente por profissional da psicologia.




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