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Política • 08 maio, 2019

Na comemoração do Dia da Vitória a homenagem a autoridades e ex-combatentes


A fala, já cansada pelo tempo, viaja por mais de meio século e chega a nevascas e lodaçais da região de Monte Castelo, na Itália, no início de maio de 1945. “Estava muito frio. Sofri muito com a neve que caía sobre a gente. A neve só parou de cair no dia 2 de maio. Quando chegou o dia 8 de maio conseguimos subir no Monte Castelo”, contou o aquidauanense André Ragalzi, de 97 anos, veterano da Força Expedicionária Brasileira (FEB), que lutou contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Passados 74 anos daqueles dias de bombardeios, mortes e inverno intenso de até 20 graus abaixo de zero, o veterano Ragalzi, à época com 24 anos, encontra-se em uma situação muito diversa: cercado de pessoas, todas mais jovens que ele, sendo aplaudido em pé e recebendo a Medalha do Mérito da Força Expedicionária Brasileira. A honraria foi entregue a Ragalzi e a outros homenageados em sessão solene realizada na noite desta quarta-feira (8) no Plenário Deputado Júlio Maia, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS).

O evento, proposto pelo deputado Lidio Lopes (PATRI), e que contou com a presença do deputado Capitão Contar (PSL), rememora o 8 de Maio, o Dia da Vitória. A data, celebrada em diversas partes do mundo, remete ao dia da rendição da Alemanha nazista. O Brasil, através da FEB, lutou com os aliados com pouco mais de 25 mil homens e mulheres. Desses expedicionários, dois estavam na sessão desta noite: além de André Ragalzi, foi homenageado Agostinho Gonçalves da Mota, de 93 anos, presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB.

Guarda-Bandeira do 9º BECMB, que acompanhou os homenageados

Os dois ex-combatentes lutaram na Batalha de Monte Castelo, no final da Segunda Guerra Mundial, e, assim como os demais brasileiros, mostraram que estava errada a máxima comum na época: “Mais fácil uma cobra fumar cachimbo do que o Brasil participar da guerra”. O brasão da FEB – uma cobra fumando – gravou, na história, a resposta ao dito popular. Para serem homenageados, os veteranos entraram no plenário acompanhados pela Guarda-Bandeira Histórica do 9º Batalhão de Engenharia de Combate (BECMB).

Reconhecimento – O deputado proponente destacou a importância das homenagens aos veteranos Agostinho da Mota e André Ragalzi. “Suas histórias perdurarão, ficarão registradas não só nos anais desta Casa, mas na memória da sociedade de modo geral. Eles foram para guerra, defenderam nosso país e voltaram como homens honrados”, disse Lidio Lopes, com a voz embargada.

O parlamentar, que chega ao sexto ano como proponente desta sessão solene, lamenta o desconhecimento de muitas pessoas sobre a FEB. “Vejo como se fosse uma chama muito forte, mas que aos poucos está se apagando em Mato Grosso do Sul”, disse, acrescentando que o Dia da Vitória é celebrado em diversos países.

Coronel Wellington: “Lutamos contra o totalitarismo. Foi a vitória da paz”

Vitória da paz – Avaliação semelhante faz o historiador e vice-presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB, Coronel Wellington Corlet dos Santos. Ele afirma que o Brasil deveria dar mais importância ao Dia da Vitória, considerando a contribuição do País na luta contra o nazismo.

“Lutamos contra o totalitarismo, contra o racismo. Foi a vitória da paz sobre a guerra”, opinou Corlet dos Santos. “O Brasil perdeu mais de 30 mil pessoas, se somarmos os combatentes da FEB, os que morreram nos naufrágios dos navios afundados no litoral brasileiro e os ‘soldados da borracha’, que trabalhavam na Amazônia retirando o látex pra mandar para a indústria norte-americana”, contabiliza.

O coronel também destacou a importância do papel da Casa de Leis na realização do evento. “A Assembleia Legislativa representa o povo. Por isso é importante que esta Casa, todos os anos, assume esse compromisso de homenagear ex-combatentes e lembrar de um dia, comemorado no mundo inteiro, que é o Dia da Vitória”, considerou.

Homenageados – Além dos veteranos André Ragalzi e Agostinho Gonçalves da Mota, também receberam a Medalha Medalha do Mérito da Força Expedicionária Brasileira, diversas personalidades. Foram homenageados os subtenentes Afrânio da Costa Santos, Francisco Solano de Oliveira, Ivanaldo Figueiredo da Costa, Joel Alves da Silva, o tenente coronel Luiz Alexandre Vieira da Costa, o coronel Francisco José Mineiro Júnior, o 1º sargento da PMMS, Wagner Siqueira Gonçalves, a professora doutora Celeida Maria Costa de Souza e Silva, o professor doutor José Manfroi, Luiz Carlos Leite Krawiec, a professora mestra Maria Christina de Lima Félix Santos, a professora Myrian Luciana Napp Fenner, o advogado Osvaldo Nogueira Lopes, o escritor Rubênio Silvério Marcelo, Valéria Maria Barbosa Regis Machado e Vera Tylde de Castro Pinto.

Por Osvaldo Jr.




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