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Política • 23 abr, 2025

Papa Francisco defendeu globalização humanista e inclusiva


 ( por Pedro Dallari) – Na coluna de hoje, dia 23 de abril, o professor Pedro Dallari aborda a importância do pontificado do Papa Francisco, que faleceu no último dia 21 de abril, aos 88 anos, para a discussão dos temas sociais no mundo.

“O papado de Francisco pode ser analisado sob diversos prismas, mas sob o aspecto das relações internacionais e do seu impacto na sociedade internacional, certamente eu destacaria a defesa que o papa promoveu de uma globalização humanista e inclusiva. Humanista no sentido de ter colocado o ser humano em primeiro lugar. Esta foi a tônica da sua pregação, em defesa dos direitos humanos, em defesa de um meio ambiente equilibrado de maneira a se criar condições adequadas para a vida humana no planeta. Ele foi sempre um pregador muito veemente contra o aquecimento global e pela adoção de medidas de combate ao aquecimento global e essa tônica repercutiu na defesa de uma postura de muita inclusão, ou seja, que a globalização seja essencialmente inclusiva”, afirma.

Para Dallari, o papa Francisco sempre se manifestou pela defesa da população mais vulnerável no contexto da globalização: os mais pobres, os migrantes, os refugiados e, mais recentemente, por conta da retomada de grandes conflitos, pela proteção e pela defesa das vítimas das guerras na Ucrânia, no Oriente Médio e no Sudão do Sul. “Mesmo internamente na Igreja, essa perspectiva de inclusão se demonstrou, por exemplo, pelo aumento do número de cardeais indicados por ele, oriundos de regiões da Ásia, da África, de países até então menos valorizados na estrutura da Igreja Católica, pela valorização do papel das mulheres, pelo acolhimento a homossexuais e divorciados, sem quebrar a doutrina da Igreja.”

O professor considera que, em relação à sucessão papal, “há duas grandes perspectivas que vão consumir o debate dos próximos dias. Uma é de que, na sucessão de Francisco, haja uma continuidade desta linha de atuação dele, mais voltada à dimensão social, ao que eu chamei de globalização humanista e inclusiva. E há outra perspectiva de um papa que retome um pouco a linha de atuação do seu antecessor, Bento 16, que deu ênfase a uma igreja mais voltada à dimensão espiritual e menos à dimensão social e que acabe, de certa maneira, deixando de ser um contraponto a esta tendência mais antiglobalista e de desvalorização do meio ambiente e dos direitos humanos que caracteriza essa era sob hegemonia do novo governo norte-americano de Donald Trump. Esse é o grande debate que vai caracterizar a reflexão sobre a sucessão do papa Francisco, que deixa um legado realmente muito significativo, que deve ser reconhecido e valorizado”.

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Globalização e Cidadania
A coluna Globalização e Cidadania, com o professor Pedro Dallari, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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