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Política • 27 nov, 2024

PF aponta envolvimento de Tenente Portela em plano golpista


O inquérito de quase 900 páginas da Polícia Federal (PF), cujo sigilo foi retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, aponta o envolvimento de Aparecido Andrade Portela, conhecido como Tenente Portela (PL), em ações relacionadas à tentativa de golpe de Estado no Brasil. Suplente da senadora Tereza Cristina (PP) e presidente estadual do PL em Mato Grosso do Sul, Portela teria atuado como intermediário entre o governo do então presidente Jair Bolsonaro e os financiadores de manifestações antidemocráticas no estado.

Conversas interceptadas

As investigações revelaram diálogos codificados entre Portela e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Em mensagens trocadas pelo WhatsApp, os dois se referiam ao golpe como “churrasco”, indicando que Portela pressionava para a concretização do plano.

  • Trecho de 26 de dezembro de 2022:
    • Portela: “O pessoal que colaborou com a carne, estão me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco.”
    • Cid: “Vai sim. Ponto de honra. Nada está acabado ainda da nossa parte.”

De acordo com o relatório, essas mensagens mostram que o grupo acreditava na viabilidade do golpe, que vinha sendo articulado desde o segundo turno das eleições presidenciais de 2022.

Relação com Bolsonaro e visitas ao Palácio

Portela teria uma longa amizade com Bolsonaro desde os anos 1970 e realizou 13 visitas ao Palácio do Alvorada em dezembro de 2022. Segundo a PF, essa proximidade reforça o papel central de Portela nas articulações golpistas.

Preocupação com exposição

Após os atos de 8 de janeiro, Portela demonstrou preocupação em ser identificado como um dos organizadores. Em mensagens enviadas a Mauro Cid, ele compartilhou prints de publicações nas redes sociais que o apontavam como golpista.

  • Mensagem de 12 de janeiro de 2023:
    • Portela: “Pessoal está em cima de mim aqui, infelizmente vou ter que devolver a parte desse pessoal, minha vida está um inferno.”
    • Cid: “Enviei a resposta pelo Signal.”

O uso do aplicativo Signal, conhecido por sua segurança, indica o cuidado dos envolvidos em evitar rastreamento.

Encaminhamento à PGR

O relatório final da PF foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que analisará as evidências e decidirá se apresentará denúncias contra os investigados, incluindo Portela.

Resposta de Portela

Procurado, Tenente Portela afirmou que desconhece o conteúdo do inquérito e que buscará informações antes de se manifestar. “Vou verificar e após entro em contato. Até o momento desconheço”, declarou.

Contexto

A investigação da PF evidencia o grau de articulação e planejamento de atos antidemocráticos, com divisão de tarefas e financiamento coordenado. O caso amplia as acusações contra figuras próximas a Bolsonaro e reforça a gravidade das ações que ameaçaram a ordem democrática no Brasil.




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