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Política

Política • 05 set, 2020

A reforma política gorou


Tida e havida como mãe de todas, a reforma política de 2017 foi tímida. Avançou no estabelecimento da cláusula de barreira (que já deveria ter sido implantado anos atrás, mas foi suspensa pelo STF) para impedir a proliferação infinita de partidos políticos, e no fim das coligações para eleições proporcionais, que têm sua estreia neste ano.

Voto distrital ficou no caminho e o facultativo nem mesmo entrou na pauta. Ou seja, a reforma de 2017 ficou longe de aprimorar a relação entre representantes e representados, esses últimos só lembrados nas campanhas eleitorais.

Absurda e hipócrita, a obrigação de ir às urnas deforma o caráter cívico do voto, sendo cada vez mais driblada pela justificativa ou pela multa irrisória (em 2018 foi de R$ 3,50). Números do TSE dão conta de que um terço (32,5%) dos eleitores não compareceram ao segundo turno das eleições municipais de 2016, realizado em 57 cidades.

Há outros fatores que pesam no desinteresse do eleitor. Não é de hoje que o debate municipal, que deveria ser mobilizador por envolver o cotidiano do cidadão, vem perdendo terreno. E tende a piorar.

Quanto mais a polarização nacional se acirra, menos espaço há para questões locais. No embate internético, elas são esmagadas pela satânica mistura do terraplanismo de ideias, notícias falsas e demolição de adversários nas redes sociais, canal que passou a monopolizar a comunicação política.

Questões como postos de saúde, creches, pavimentação, calçadas, transporte público têm audiência baixíssima em um ambiente no qual a sedução se faz com apelos de baixo calão e pela destruição do outro que ousa expor um pensamento diferente.

Político algum nega a essencialidade da eleição municipal para garantir o mandato do deputado, do governador e do presidente da República que se encontrarão com as urnas daqui a dois anos. Até por esse motivo, para muitos deles é melhor que o eleitor vote no candidato aliado sem saber muito sobre ele.

Os adeptos dessa cartilha põem suas fichas na nacionalização do pleito, jogando às favas planos de governo e soluções para problemas locais.

Essa é a aposta dos dois polos extremados – à direita e à esquerda. Farão de tudo para transformar a disputa municipal em um embate entre os pró e os anti-Bolsonaro. Com isso, se safam de firmar compromissos. Desprestigiam as cidades e desrespeitam o eleitor.

Fonte – Blog do Fabio Campana




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